Rússia critica aliados da Ucrânia na ONU por não condenarem ofensiva em território russo
Em reunião informal do Conselho de Segurança da ONU, os Estados Unidos, a França e o Reino Unido se mantiveram firmes em seu apoio à Ucrânia
A Rússia criticou nesta terça-feira, 13, os aliados ocidentais da Ucrânia nas Nações Unidas por não condenarem a incursão ucraniana na região de Kursk, que dura mais de uma semana. Durante uma reunião informal do Conselho de Segurança da ONU convocada pelo governo russo, os Estados Unidos, a França e o Reino Unido permaneceram firmes em seu apoio a Kiev, mas não mencionaram a ofensiva em andamento.
“Não há dúvidas sobre qual país cometeu inúmeras atrocidades bem documentadas, incluindo crimes de guerra e crimes contra a humanidade, no território soberano da Ucrânia”, disse o diplomata americano Caleb Pine durante o encontro informal. “Esse país é a Rússia”, acrescentou.
Segundo a diplomata francesa Clarisse Paolini, a França vai continuar apoiando a soberania independente e a integridade territorial da Ucrânia dentro de suas fronteiras reconhecidas internacionalmente. Além disso, a britânica Kate Jones afirmou que o Reino Unido não deixaria de apoiar Kiev enquanto fosse “necessário para garantir uma paz justa e sustentável com base nos princípios da Carta da ONU e do direito internacional”.
Desde que a invasão a Kursk começou, Moscou tem questionado os objetivos do ataque transfronteiriço, acusando as forças ucranianas de matar civis. Os aliados da Ucrânia, interessados em evitar uma escalada da guerra para um confronto direto entre a Rússia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), disseram que não foram avisados previamente da ofensiva de Kiev, que conquistou cerca de 1.000 quilômetros quadrados da região russa.
“Não ouvimos uma palavra de condenação dessas ações por parte dos patrocinadores ocidentais do regime de Kiev, que continuam a encobrir os crimes hediondos de seu fantoche”, disse o vice-embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Dmitry Polyanskiy, durante a reunião do conselho. “Eu ficaria grato pela explicação de como alvejar civis intencionalmente serve ao objetivo de interromper ataques em território ucraniano, dado o fato de que não havia objetos ou infraestrutura militar na área”, acrescentou.
Incursão ucraniana
Na última terça-feira, 6, milhares de soldados ucranianos e veículos blindados adentraram a região russa de Kursk, rompendo as defesas da fronteira. O ataque abriu um novo front na guerra, que dura mais de dois anos – iniciada quando a Rússia invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.
O chefe das forças armadas ucranianas, Oleksandr Syrskyi, disse na segunda-feira que a Ucrânia assumiu o controle de cerca de 1.000 quilômetros quadrados do território russo, forçando cerca de 121 mil pessoas a deixarem Kursk em meio aos combates. O Ministério de Emergências da Rússia comunicou ter criado 400 abrigos temporários em todo o país para receber cerca de 30 mil cidadãos forçados a fugir da ofensiva.
Em resposta, o presidente russo, Vladimir Putin, por sua vez, prometeu “expulsar o inimigo” de dentro da Rússia, acrescentando que a Ucrânia vai receber uma “resposta digna” à sua incursão. Além disso, ele acusou o Ocidente de estar usando Kiev para travar um conflito por procuração, acrescentando que a incursão em Kursk é uma tentativa de desestabilizar seu país.
Nesta terça-feira, as forças da Rússia lançaram um ataque aéreo com mísseis e drones contra as tropas ucranianas em Kursk, com o objetivo de impedir o avanço da incursão da Ucrânia, de acordo com o Ministério da Defesa do país. A pasta publicou um vídeo mostrando bombardeiros Sukhoi Su-34 atingindo o que o órgão disse serem tropas ucranianas em Kursk, acrescentando que repeliu ataques em vilarejos russos a cerca de 28 km da fronteira.