Rússia coloca em operação novo míssil nuclear lançado de submarinos
Anúncio ocorre menos de uma semana após presidente Vladimir Putin ameaçar Ocidente com exercícios militares envolvendo ogivas 'táticas'
A agência estatal de notícias TASS informou que a Rússia colocou em operação nesta terça-feira, 14, o novo míssil balístico intercontinental RSM-56 Bulava. A arma nuclear é lançada a partir de submarinos e faz parte do projeto do país para modernizar seu arsenal. O anúncio ocorre menos de uma semana após o presidente russo, Vladimir Putin, alertar o Ocidente de que a nação está “em estado de prontidão para o combate” e anunciar exercícios militares táticos com armas nucleares.
Nova arma
O Bulava é um míssil estratégico com alta capacidade de manobra no momento final do ataque, o que dificulta a sua interceptação. Além disso, como os submarinos, de onde são lançados, podem estar próximos à costa de outros países, representa uma ameaça ainda maior. Levando em consideração a posição da atual área de operação dos navios da era soviética, as bombas chegariam em 14 minutos nos Estados Unidos.
No geral, o foguete tem um alcance de 8.300 km, de acordo com o Projeto de Defesa contra Mísseis do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, centro de pesquisas em Washington, D.C. Em novembro, o Ministério da Defesa da Rússia já havia anunciado o sucesso do lançamento do Bulava no Mar Branco, ao norte russo, contra um alvo na península de Kamchatka, ao leste. No momento, as frotas do Norte e do Pacífico teriam sete submarinos Borei, que podem transportar 16 Bulavas cada, acrescentou a TASS.
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Panorama nuclear
Ao todo, a Rússia detém de 5.880 ogivas, dentre as quais 1.674 são operacionais, 2.815 estão estocadas e 1.400 foram aposentadas. O contingente é um pouco menor em comparação ao dos Estados Unidos, que somam ao menos 5.244 ogivas. Eles são seguidos por China (410), França (290) e Reino Unido (225). Ou seja, dos cinco maiores detentores de armas nucleares, três integram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), fonte de dor de cabeça para Moscou.
Em fevereiro, Putin ameaçou o Ocidente com o uso desses dispositivos, capazes de causar a “destruição da civilização”, após o presidente francês, Emmanuel Macron, ponderar sobre o envio de tropas da Otan ao campo de batalha ucraniano. A declaração, que teria sido “tirada de contexto”, segundo o Kremlin, faz parte do rol de alertas nucleares do líder russo desde o início guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Além da França, outras nações também elevaram as tensões com o Kremlin no último mês. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deu aval final a um aporte de US$ 61 bilhões em ajuda à Ucrânia, enquanto o Reino Unido disse que Kiev tinha o direito de atacar a Rússia com armas britânicas.