Rivais de Netanyahu formam aliança eleitoral para derrotá-lo
Benny Gantz e Yair Lapid apostam em novo projeto de segurança nacional: territórios palestinos desarmados e inserção dos ultra-ortodoxos
Os dois principais rivais políticos do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciaram nesta quinta-feira, 21, a formação de uma aliança eleitoral para tentar derrotar o chefe de governo nas eleições do dia 9 de abril. A chapa é considerada uma grande ferramenta contra a continuidade de Netanyahu, que lidera o país há uma década.
Os candidatos da oposição são Benny Gantz, um ex-comandante das Forças Armadas, e Yair Lapid, ex-ministro da Economia. Em comunicado, eles afirmaram que a decisão foi motivada por um senso mútuo de “responsabilidade nacional”. Sob os termos do acordo, os dois se revezariam no cargo de primeiro-ministro dentro de uma nova liga, o Partido Azul e Branco, em referência às cores da bandeira de Israel. Gantz, segundo colocado nas últimas pesquisas de intenção de voto, seria o primeiro a assumir o governo, por dois anos e meio.
A coligação tenta fortalecer seu projeto para a área da segurança, uma questão central nas eleições israelenses. Gantz, que liderou as Forças Armadas do país entre 2011 e 2015, já havia angariado o apoio do ex-ministro da Defesa Moshe Ya’alon. Hoje, Gabi Ashkenazi, um popular general que precedeu Gantz no comando militar, também foi anunciado como parte da chapa.
As eleições gerais de Israel estavam previstas para novembro deste ano mas, em dezembro de 2018, a coalizão de governo se reuniu e decidiu antecipá-las. No seu quarto mandato como premier, Netanyahu governa o país com maioria de apenas um assento no Knesset, o Parlamento israelense, com 61 das 120 cadeiras, o que tornava difícil aprovar leis e conduzir o país.
Netanyahu também responde a diversas investigações de corrupção. Ele foi primeiro-ministro de 1996 a 1999 e retornou ao poder em 2009, somando 13 anos à frente do Executivo. O seu governo é considerado o mais conservador da história de Israel.
Benny Gantz lidera o partido Resistência para Israel, que foi fundado em dezembro do ano passado com o lançamento de um “Projeto de Paz Nova”, que propõe diretrizes para a proteção do país. As políticas sobre Gaza e Jerusalém não constam no texto base, que defende a manutenção dos assentamentos israelenses em territórios reivindicados pelos palestinos.
Já Yair Lapid, jornalista filho de um sobrevivente do Holocausto, comanda o partido Yesh Atid, que atualmente tem 11 das 120 cadeiras do Parlamento. Ele defende a criação de um Estado palestino desmilitarizado e a maior inserção dos judeus ultra-ortodoxos na sociedade local.
Somando as pesquisas de intenções de voto da coalizão, os dois são capazes de superar o Likud, partido do atual primeiro-ministro. Mas precisam de mais alianças para garantir maioria no Parlamento e formar o próximo governo.
Depois da divulgação da notícia, o porta-voz do Likud emitiu uma “nota de alerta” aos eleitores. “A escolha é clara: um governo de esquerda da dupla Lapid-Gantz com o apoio de países árabes ou um governo de direita liderado por Netanyahu”, disse o comunicado, mencionando países que rivalizam com os israelenses.