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Revista francesa Charlie Hebdo volta a publicar caricaturas de Maomé

Escolha acontece um dia antes de início de julgamento de ataques extremistas de 2015, motivados por charges ofensivas à comunidade islâmica

Por Da Redação Atualizado em 1 set 2020, 13h03 - Publicado em 1 set 2020, 12h39

Na véspera do início do julgamento dos atentados que deixaram 17 mortos em janeiro de 2015, a revista francesa Charlie Hebdo voltou a publicar, nesta terça-feira, 1°, as charges do profeta Maomé que colocaram sua redação na mira de extremistas islâmicos. A edição impressa chega às bancas na quarta-feira, mas a versão digital já está disponível.

“O ódio que nos atingiu ainda está aí e, desde 2015, teve tempo de se transformar, de mudar de aspecto para passar despercebido e continuar sem ruído sua cruzada implacável”, disse o cartunista e diretor da publicação satírica Laurent Sourisseau, conhecido como Riss. Diante do ódio e medo que gera, “nunca nos renderemos, nunca renunciaremos”, afirmou na edição que retoma os desenhos. 

As 12 caricaturas de Maomé foram publicadas inicialmente pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten em 30 de setembro de 2005 e depois pelo Charlie Hebdo em 2006.

Os desenhos mostram o profeta com uma bomba na cabeça, em vez de um turbante, ou armado com uma faca, ao lado de duas mulheres com véu.

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A representação visual dos profetas, como Abraão e Moisés, é estritamente proibida pelo islã sunita e, em alguns países muçulmanos mais rígidos, ridicularizar ou insultar o profeta Maomé pode resultar em pena de morte.

Além das caricaturas dinamarquesas, a capa da nova edição do Charlie Hebdo, com o título “Tudo isto por isso”, também reproduz um desenho do profeta feito pelo chargista Cabu, assassinado no atentado de 7 de janeiro de 2015.

“Desde janeiro de 2015 recebemos com frequência pedidos para produzir outras caricaturas de Maomé. Sempre recusamos, não porque é proibido, a lei autoriza, e sim porque era necessário ter uma boa razão para fazê-lo, uma razão que faça sentido e que aporte algo ao debate”, explica o semanário em um editorial.

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O julgamento do atentado jihadista contra o Charlie Hebdo, que deixou 12 mortos e que foi seguido poucos dias depois por ataques contra uma policial e um supermercado, começará na quarta-feira e deve prosseguir até 10 de novembro para sentenciar 14 acusados.

Em janeiro de 2015, os irmãos Chérif e Said Kouachi invadiram a redação da revista, em Paris, e mataram a tiros 12 pessoas, incluindo um policial que estava do lado de fora do prédio. Dois dias depois, em outro ataque, Amédy Coulibaly matou quatro pessoas em um mercado, incluindo uma policial. 

A decisão do Charlie Hebdo de voltar a publicar os desenhos, justamente na véspera da abertura do julgamento histórico, foi questionada. 

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O presidente do Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM), Mohammed Moussaoui, pediu para que as pessoas “ignorem” as caricaturas e pensem nas vítimas do terrorismo.

“Nada pode justificar a violência”, disse Moussaoui, que pediu uma concentração no processo. “Nós aprendemos a ignorar as caricaturas e pedimos para que todos mantenham esta atitude em qualquer circunstância”.

Vários integrantes da redação do Charlie Hebdo morreram no atentado, incluindo os desenhistas Cabu, Charb, Honoré, Tignous e Wolinski, o que provocou um movimento de apoio sem precedentes a favor do semanário satírico, na França e no exterior.

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