Reunião, sussurro e bilhete: o momento em que Trump soube que acordo de Gaza foi aceito
Israel e Hamas concordaram com o plano do presidente dos EUA para uma primeira fase de cessar-fogo

Enquanto as delegações de Israel e do Hamas realizavam negociações indiretas pelo terceiro dia em Sharm el-Sheikh, no Egito, para acertar os detalhes finais dos termos para um cessar-fogo que prevê o fim da guerra na Faixa de Gaza, do outro lado do mundo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fazia uma reunião na Casa Branca.
Era o começo da noite de quarta-feira 8, e o líder americano, responsável por avançar um plano de 20 pontos na semana passada que renovou o impulso das tratativas, se encontrava há 1h22 no Salão de Jantar de Estado. Pacientemente, ele escutava um grupo de influenciadores de direita relatar várias histórias de violência nas mãos da Antifa, o movimento descentralizado de esquerda que ele taxou de organização terrorista.
Foi quando um visitante inesperado bateu à porta. O secretário de Estado, Marco Rubio, entrou na sala, sussurrou algumas palavras para a chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, e Trump lhe fez a pergunta que, presumidamente, ocupava sua mente: “Alguma notícia sobre o Oriente Médio?”
Rubio respondeu que sim, de fato, havia. Mas ele disse que precisava esperar até que todos os repórteres tivessem ido embora para transmitir a mensagem.
Trump, que não parecia estar com pressa, chamou o próximo participante da reunião sobre a Antifa para falar. Rubio, visivelmente ansioso, pegou um bloco de notas e uma caneta para escrever: “Estamos muito perto”, as palavras sublinhadas para ênfase. “Preciso que você aprove uma publicação na Truth (rede social de Trump) em breve, para poder anunciar o acordo primeiro.”

O presidente americano, então, anunciou aos presentes: “Acabei de receber um bilhete do secretário de Estado dizendo que estamos muito perto de um acordo sobre o Oriente Médio e que eles vão precisar de mim muito rapidamente.” Ainda assim, demorou 10 minutos até que ele deixasse a reunião.
Quase duas horas depois de Rubio ter entregue o bilhete a Trump, às 18h51, o líder americano, triunfantemente, acessou a Truth Social para anunciar que todas as partes concordaram com a primeira fase do acordo.
“Estou muito orgulhoso de anunciar que Israel e o Hamas assinaram a primeira fase do nosso Plano de Paz”, escreveu ele, afirmando que isso significa que todos os reféns serão libertados “muito em breve”, enquanto Israel retirará suas tropas “para uma linha acordada”.
Trump acrescentou: “Este é um GRANDE Dia para o Mundo Árabe e Muçulmano, Israel, todas as nações vizinhas e os Estados Unidos da América, e agradecemos aos mediadores do Catar, Egito e Turquia, que trabalharam conosco para que este Evento Histórico e Sem Precedentes acontecesse. ABENÇOADOS OS PACIFICADORES!”
É muito cedo, porém, para declarar o fim da guerra. Várias questões permanecem pendentes, e novas negociações podem revelar lacunas intransponíveis entre os dois lados. Mesmo assim, após meses de impasses, o acordo foi uma vitória clara para o presidente dos Estados Unidos.