Retaliação do Paquistão contra a Índia na Caxemira deixa ao menos 12 mortos
Ofensiva ocorreu poucas horas depois das forças indianas atacarem o lado paquistanês do território disputado

Um ataque do Paquistão à Caxemira indiana deixou doze mortos e ao menos 38 feridos nesta quarta-feira, 7, segundo autoridades locais. Os disparos vieram horas depois que a Índia lançou uma ofensiva contra a porção paquistanesa da região disputada pelas duas nações, matando 26 pessoas e ferindo outras 46. A situação marca uma escalada das tensões latentes devido ao controle da Caxemira, já intensificadas devido a um ataque terrorista que a Índia acusa de ter apoio do Paquistão.
Segundo a agência de notícias AFP, o ataque da artilharia paquistanesa aconteceu no distrito de Poonch. A ofensiva ocorreu após o governo de Islamabad afirmar que revidaria “de forma correspondente” os ataques indianos de terça-feira. A Índia confirmou ter atacado nove alvos paquistaneses, mas o ministro da Defesa do país alegou que não havia civis entre os mortos, o que o Paquistão negou.
Por conta dos ataques na região e a incerteza sobre o futuro, companhias aéreas asiáticas mudaram rotas e suspenderam voos que passavam pelo local. Segundo a agência de notícias Reuters, 52 voos para o Paquistão foram cancelados.
O momento é particularmente sensível, uma vez que ambos os países, adversários históricos, possuem armas nucleares.
Ataques da Índia
O governo da Índia anunciou na terça-feira, 6, o início de uma operação militar contra o Paquistão para atacar “infraestruturas terroristas” tanto em solo paquistanês quando na Caxemira. A operação batizada de Sindoor, segundo Nova Délhi, é resposta ao ataque terrorista que matou 26 pessoas, em sua maioria turistas hindus na região disputada por ambos os países.
Nova Délhi acusa o país vizinho de apoiar o grupo responsável pela ação, autodenominado “Resistência da Caxemira”.
“Essas medidas ocorrem na sequência do bárbaro ataque terrorista de Pahalgam, no qual 25 indianos e um cidadão nepalês foram assassinados”, disse o Ministério da Defesa da Índia em um comunicado. “Nossas ações foram focadas, comedidas e não escalonadas por natureza. Nenhuma instalação militar paquistanesa foi alvo. A Índia demonstrou considerável contenção na seleção de alvos e no método de execução”, acrescentou o comunicado.
Explosões foram registradas nas montanhas ao redor da cidade de Muzaffarabad, capital da Caxemira paquistanesa, bem como em outros locais da região, segundo testemunhas ouvidas pela agência de notícias Reuters. Depois disso, a energia elétrica da cidade foi cortada.
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“Nenhuma instalação militar paquistanesa foi alvo. A Índia demonstrou considerável contenção na seleção de alvos e no método de execução”, afirmou Nova Délhi, em um comunicado. Um porta-voz do exército indiano afirmou que o ataque teve como alvos “campos terroristas” que funcionavam como centros de recrutamento, pontos de lançamento, locais de doutrinação, além de abrigarem armas e instalações de treinamento.
De acordo com a polícia indiana, após os ataques, militares paquistaneses atiraram contra o território controlado pela Índia, deixando duas mulheres feridas. Em paralelo, um porta-voz das Forças Armadas do Paquistão disse à emissora ARY que a Índia atacou o Paquistão com mísseis em três locais e que seu país responderia.
Controle disputado
A Caxemira é uma região na cordilheria do Himalaia disputada tanto pela Índia quanto pelo Paquistão desde a independência de ambos os países do Reino Unido, em 1947. Atualmente, o controle da área é partilhado entre eles, além da China, que controla uma porção ao leste. Tanto Nova Délhi quanto Islamabad, porém, reivindicam todo o território.
No dia 22 de março, homens armados abriram fogo contra turistas em um resort, deixando 26 mortos, em sua maioria indianos hindus, em Pahalgam. A Índia classificou o massacre como um “ataque terrorista” e acusou o Paquistão de estar por trás da ação, que, por sua vez, negou qualquer envolvimento e retaliou com o fechamento do espaço aéreo para aviões indianos, o cancelamento de vistos e suspensão das relações comerciais com o vizinho. Nova Délhi, por sua vez, retirou-se de um acordo de compartilhamento de águas, do qual a agricultura paquistanesa é altamente dependente.