O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) venceu as eleições realizadas neste domingo na Espanha, de acordo com a apuração divulgada pelo governo do país. O partido liderado pelo atual presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, obteve 28,29% da preferência do eleitorado, que se traduzem em 123 cadeiras das 350 que compõem o parlamento.
A vitória do PSOE, que tinha 84 deputados na legislatura anterior, foi anunciada pela porta-voz do governo da Espanha, Isabel Celaá, em entrevista coletiva. Além do triunfo no Congresso dos Deputados, os socialistas garantiram maioria absoluta no Senado.
Sem os 176 deputados necessários para formar maioria, no entanto, Sánchez será obrigado a fazer alianças com outros partidos para governar. Os resultados apontam que o primeiro-ministro poderá formar a maioria se obtiver apoio do Podemos, do Partido Nacionalista Basco (PNV) e de outros partidos de esquerda de menor expressão.
No discurso realizado na sede do PSOE em Madrid, Sánchez agradeceu aos eleitores pelos votos e destacou que o “passado perdeu” nas eleições deste domingo na Espanha. E disse estar disposto a governar com todos os grupos políticos, com a única condição de que eles respeitem a Constituição do país.
Os simpatizantes socialistas não gostaram do que ouviram e começaram a cantar “com Rivera não”. A música se referia a Albert Rivera, líder do Ciudadanos, terceira força política no Congresso com 57 deputados, 25 a mais que na legislatura anterior, e que foi aliado do conservador Partido Popular (PP).
“Eu ouvi, eu ouvi. Mas nós não vamos fazer como eles, que criaram cordões sanitários para partidos socialistas. A única condição que vamos impor é que respeitem a Constituição, para que avancemos rumo à justiça social, à convivência e à limpeza política”, disse Pedro Sánchez, em tom conciliador.
Durante a campanha eleitoral, Rivera afirmou que não toparia qualquer aliança com o PSOE e repetiu que o Ciudadanos estará na oposição depois do pleito deste domingo. É pouco provável que Sánchez tente uma aliança com o PP, partido mais tradicional da direita espanhola, ou com o Vox, que levou a extrema direita de volta ao parlamento da Espanha pela primeira vez em 40 anos.
“Os espanhóis querem claramente que o PSOE governe e lidere o país durante os próximos quatro anos. Ganhamos as eleições e vamos governar a Espanha, em defesa da democracia, dos direitos e das liberdades que conquistamos”, declarou Pedro Sánchez no discurso.
Para Albert Rivera, o primeiro-ministro formará governo com a coalizão de esquerda Unidas Podemos e com os partidos nacionalistas da Catalunha e do País Basco para ter maioria no parlamento. “Sánchez e (Pablo) Iglesias (secretário-geral do Podemos) formarão governo com os nacionalistas. Nosso partido se ergue como a esperança e o futuro da Espanha. Os líderes da oposição serão os deputados do Ciudadanos”, afirmou Rivera em discurso a eleitores.
As eleições também ficarão marcadas pelo pior desempenho da história do PP, o mais tradicional da direita no país, e pela volta da extrema direita ao Parlamento por meio do Vox, legenda que recebeu 10,26% dos votos.
O PP, liderado por Pablo Casado, tinha 137 parlamentares na última composição do Parlamento e deverá ter apenas 66 na nova. Os 16,68% dos votos obtidos pelo partido o deixam muito perto do Ciudadanos, que teve desempenho suficiente para para brigar pela liderança da direita, como antecipou Albert Rivera.
“Fomos muito castigados com a fragmentação do voto [conservador entre PP, Ciudadanos e Vox]. Todos os partidos, e nós também, temos que fazer uma análise de esse enfrentamento ao PP valeu a pena”, afirmou Casado no pronunciamento, em uma crítica direta a Ciudadanos e Vox, lembrando que havia proposto uma aliança aos dois partidos antes das eleições.
A coalizão esquerdista Unidas Podemos (UP), por sua vez, obteve 14,31% dos votos, totalizando 42 deputados, uma queda em relação aos 71 que tinha até então.
Com os votos obtidos nesta eleição, o Vox marcará presença no Parlamento da Espanha com 24 representantes, um número abaixo do esperado pelo partido, que ganhou força no pleito regional realizado no ano passado em regiões antes controladas pelos socialistas, como a Andaluzia.
O ministro do Interior da Espanha, Fernando Grande-Marlaska, disse em entrevista coletiva que as eleições ocorreram com tranquilidade e sem qualquer incidente.
O comparecimento de eleitores às urnas foi de 75,8%, uma das mais altas já registradas na democracia da Espanha, onde o voto não é obrigatório.