O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, usou seu discurso no primeiro dia da cúpula do G20, nesta segunda-feira, 18, para comemorar o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, um projeto proposto por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em sua presidência rotativa do G20. No entanto, ele ressaltou que resolver a questão da fome passa por colocar um fim nas guerras na Ucrânia e em Gaza, que afetaram a segurança alimentar não apenas das populações locais, mas também do mundo.
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“Quero construir as parcerias de que precisamos para apoiar o progresso, e isso inclui a luta contra a fome e a pobreza. Quero agradecer ao presidente Lula por colocar isso na agenda”, disse Starmer, do Partido Trabalhista britânico, de centro-esquerda.
O líder do Reino Unido afirmou, porém, que “a fome é causada pelo homem” e que “o maior passo na luta contra a fome hoje viria da resolução de conflitos”.
“Pedimos novamente um cessar-fogo imediato em Gaza, para que os reféns sejam libertados. Estamos profundamente preocupados com a situação dos civis palestinos, enfrentando fome e inanição catastróficas — particularmente no norte de Gaza. Ao se defender, Israel deve agir em conformidade com o direito internacional humanitário e fazer muito mais para proteger civis e trabalhadores humanitários”, cobrou Starmer.
Ao criticar a guerra “ilegal” da Rússia na Ucrânia, ele afirmou que as forças russas “infligiram danos ao mundo todo, incluindo à segurança alimentar e energética”.
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Áreas de interesse comum
Eleito em julho, quando superou o rival Partido Conservador após 14 anos da centro-direita no poder, Starmer afirmou que admira o Brasil “não só pelo futebol”, mas principalmente pelo “comprometimento com os trabalhadores”.
“Mais do que apenas o direito deles de serem livres da exploração, mas o direito deles de serem elevados, de aproveitar maiores oportunidades e de aproveitar a vida”, declarou no discurso. “Nós compartilhamos essa paixão”, completou, com aceno ao presidente Lula.
Esta é a primeira visita de um primeiro-ministro britânico ao Brasil em doze anos. Segundo a embaixada do Reino Unido em Brasília, o objetivo da viagem é fazer avançar áreas de interesse comum, como o combate às mudanças climáticas, a necessidade de uma transição global para economias mais verdes e a proteção dos direitos dos trabalhadores. Também está em pauta o fortalecimento da relação comercial: as trocas bilaterais entre o Reino Unido e o Brasil atingiram 11,2 bilhões de libras (mais de 80 bilhões de reais) no ano passado.