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Repressão contra protestos no Sudão já deixou ao menos 60 mortos

China e Rússia bloquearam ação da ONU para condenar o assassinato de civis e a violência no país

Por Da Redação
Atualizado em 5 jun 2019, 10h27 - Publicado em 5 jun 2019, 09h33

Associações ativistas ligadas à oposição do Sudão afirmaram que ao menos sessenta pessoas foram assassinadas por paramilitares na capital Cartum, durante uma operação de dispersão do acampamento popular montado há várias semanas como forma de protesto contra o governo militar.

Membros das forças de segurança fortemente armados e em veículos com metralhadoras se deslocaram por toda capital na segunda-feira 3. Tiros foram ouvidos na área do acampamento.

As primeiras informações divulgadas pela oposição davam conta de que treze pessoas haviam sido mortas. Desde então, o número de vítimas já chegou a sessenta.

Fontes médicas alertam que a contagem ainda está em andamento e os mortos podem chegar a até 100 pessoas nos próximos dias. Ao menos 326 pessoas estão hospitalizadas.

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Segundo o Comitê de Médicos do Sudão, dez pessoas foram baleadas nesta quarta-feira, 5. Além disso, ativistas afirmaram terem resgatado por volta de quarenta corpos do Rio Nilo.

A repressão no país se intensificou nesta segunda, quando militares e paramilitares atacaram um acampamento popular montado há várias semanas diante do quartel-general em Cartum. Os manifestantes protestam contra a junta militar que assumiu o poder após um golpe contra o ex-ditador Omar Bashir.

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O acampamento, epicentro da revolução que levou à queda de Bashir, foi destruído totalmente pelos militares, segundo denunciou a oposição.

Depois do ataque, os militares interromperam as comunicações, o serviço de internet e a transmissão de todas as emissoras de rádio da capital. Os manifestantes, por sua vez, colocaram barricadas nas principais avenidas de Cartum e as forças de segurança tentaram desmontá-las em alguns pontos.

Instabilidade

Os protestos no Sudão começaram em dezembro de 2018 contra o governo ditatorial de Omar Bashir. Aproveitando o clima de instabilidade, uma junta militar tomou o poder em abril e instaurou um governo provisório de 3 anos.

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Após a troca de poder, os manifestantes passaram a protestar contra os militares. Na terça, a junta que controla o poder anunciou a suspensão das negociações com a oposição e a realização de eleições no prazo de nove meses.

Bloqueio na ONU

A China bloqueou nesta terça, com o apoio da Rússia, os esforços do Conselho de Segurança da ONU para condenar o assassinato de civis no Sudão e emitir um apelo urgente das potências pelo fim imediato da violência.

Durante reunião do Conselho, Reino Unido e Alemanha fizeram circular um comunicado no qual pediam às autoridades sudanesas e aos manifestantes que trabalhassem “juntos para alcançar uma solução de consenso para a atual crise”.

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Mas a China rejeitou o texto e a Rússia insistiu em que o Conselho deveria esperar uma posição da União Africana de Nações, revelaram diplomatas.

O embaixador russo, Dmitry Polyanskiy, qualificou o comunicado de “desequilibrado” e destacou a necessidade de se ter “muita cautela nesta situação”.

“Não queremos promover uma declaração desequilibrada. Poderia simplesmente arruinar a situação”, disse Polyanskiy aos jornalistas no final da reunião.

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Diante da falta de acordo no Conselho, oito países europeus emitiram uma declaração conjunta condenando “os ataques violentos no Sudão por parte dos serviços de segurança sudaneses contra civis”.

Bélgica, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Polônia, Holanda e Suécia avaliaram que o “anúncio unilateral do Conselho Militar suspendendo as negociações, nomeando um governo e convocando eleições para um período demasiado curto é uma grande preocupação”.

“Pedimos uma transferência de poder para um governo liderado por civis, como exige o povo do Sudão”.

(Com AFP e EFE)

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