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Renúncias de ministros se sucedem no Líbano, onde a indignação persiste

Imprensa local diz que outros ministros do governo acusado de negligência podem abandonar o barco nos próximos dias

Por Da Redação
Atualizado em 10 ago 2020, 10h28 - Publicado em 10 ago 2020, 10h23

Um terceiro ministro renunciou nesta segunda-feira, 10, no Líbano, enfraquecendo ainda mais uma classe política responsabilizada pelas explosões mortais do porto de Beirute, enquanto a indignação nas ruas não enfraquece.

Quase uma semana depois da tragédia que deixou pelo menos 158 mortos, 6.000 feridos e destruiu parte da capital, as autoridades, acusadas de corrupção, negligência e incompetência, ainda não responderam à principal pergunta: por que uma grande quantidade de nitrato de amônio estava armazenada no porto, no coração da cidade?

As explosões foram provocadas por um incêndio no armazém onde 2.750 toneladas de nitrato de amônio estavam armazenadas há seis anos sem “medidas de prevenção”, segundo admitiu o próprio primeiro-ministro, Hassan Diab. O presidente Michel Aoun, cada vez mais contestado, rejeitou uma investigação internacional. E as autoridades não informaram sobre o andamento da investigação local.

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Diante da magnitude da tragédia e da raiva de uma população cansada, a ministra da Justiça, Marie-Claude Najm, apresentou sua renúncia, a terceira a deixar o governo após a ministra da Informação, Manal Abdel Samad, e do ministro do Meio Ambiente, Damianos Kattar.

Najm foi criticada na quinta-feira ao visitar o devastado distrito de Gemmayzé, nas proximidades do porto, poucas horas depois de um deslocamento ao mesmo setor do presidente francês Emmanuel Macron, recebido como um “herói”.

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Governo em risco

De acordo com a Constituição, o governo cai se mais de um terço de seus membros renunciar. A imprensa local diz que outros ministros do governo de 20 membros, que devem se reunir à tarde, podem abandonar o barco.

Hassan Diab havia indicado que estava pronto para permanecer no cargo por dois meses, até a organização de eleições antecipadas em um país dominado pelo movimento armado do Hezbollah, um aliado do Irã e do regime sírio de Bashar Assad.

Durante as manifestações de sábado e domingo, reprimidas pelas forças de segurança, os manifestantes pediram “vingança” contra a classe política totalmente desacreditada após a tragédia em um país já atingido por uma crise econômica sem precedentes agravada pela epidemia de Covid-19.

Eleições antecipadas não são uma das principais reivindicações das ruas, já que o Parlamento é controlado por forças tradicionais que elaboraram uma lei eleitoral cuidadosamente calibrada para servir aos seus interesses.

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“Todos significa todos”, proclamaram nos últimos dois dias os manifestantes, apelando à saída de todos os dirigentes. Efígies de muitos deles, incluindo de Michel Aoun e Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, foram penduradas em forcas durante os protestos.

Buscas continuam

Enquanto os libaneses continuam enterrando seus mortos, as equipes de resgate perderam todas as esperanças de encontrar sobreviventes das explosões. Para desespero das famílias de cerca de 20 desaparecidos que acusam as autoridades de terem demorado na organização das buscas.

Na noite de domingo, os moradores acenderam velas em um morro com vista para o porto, para homenagear as vítimas. Ao mesmo tempo, violentos confrontos ocorreram no centro da cidade pelo segundo dia consecutivo entre manifestantes e forças de segurança que dispararam gás lacrimogêneo e balas de borracha.

O drama relançou a contestação popular desencadeada em 17 de outubro de 2019 para denunciar a corrupção dos dirigentes, mas que havia perdido o fôlego com a pandemia do coronavírus.

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A comunidade internacional, que há anos clama por reformas e pelo combate à corrupção no governo libanês, mostrou claramente, durante uma videoconferência no domingo co-organizada pela França e a ONU, que não confia mais no regime.

Vários países anunciaram que vão distribuir “diretamente” à população os 252,7 milhões de euros de ajuda às vítimas das explosões. E exigiram uma investigação “transparente” sobre as causas do desastre que deixou quase 300.000 desabrigados, aos quais o governo ainda não prestou assistência.

(Com AFP)

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