Os ministros do Reino Unido estão discutindo o início de uma campanha de informação pública para incentivar a população a reduzir o consumo de energia neste inverno, à medida que crescem os temores sobre apagões.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, os briTãnicos podem ser solicitadas a desligar aparelhos eletrônicos durante a noite e nos momentos em que a demanda de energia é menor, em um plano negociado entre empresas de energia e a operadora de energia National Grid.
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Segundo a reportagem, autoridades britânicas podem implementar um serviço que será executado pela National Grid para alertar os consumidores quando a energia estiver prestes a acabar, acionando um racionamento. O sistema vai notificar os consumidores quando detectar uma interrupção e, depois, fornecer uma estimativa de tempo para a energia voltar.
O Guardian informou que os executivos da indústria energética e funcionários do governo desejam impedir que apagões afetem a população do país, e enxergam uma campanha de informação pública como a solução para o problema.
O regulador de energia britânico, Ofgem, alertou que há um risco significativo de apagões no inverno, que começa no fim de dezembro no Reino Unido, por causa da guerra na Ucrânia. A Noruega, um dos maiores fornecedores de energia para o país, indicou que pode priorizar o seu mercado doméstico em detrimento das exportações.
No entanto, alguns ministros têm se mostrado contrários à medida por acreditarem que o consumo de gás e eletricidade é uma “decisão dos indivíduos”.
No início deste ano, uma empresa de energia renovável do Reino Unido, a Octopus Energy, realizou um teste que deu aos consumidores um aviso de um dia para cortar o consumo durante o período de pico, ganhando pagamentos em troca. A ideia chegou a ser cogitada pela National Grid, mas fornecedores alertam que as recompensas aos consumidores provavelmente seriam baixas demais.
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Segundo fontes familiarizadas com o assunto, a operadora de energia britânica vai apresentar projeções para o inverno na quinta-feira, 6, dando a primeira avaliação abrangente do risco de apagões.
Embora muitos países europeus tenham conseguido encher suas reservas de gás, há preocupações com suprimentos e altos preços até o próximo ano, principalmente depois dos vazamentos nos gasodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 2, com suspeita de sabotagem.
A situação da energia no país já pressiona a nova primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, que mantém sua retórica de Estado mínimo e, durante a campanha, disse que não havia possibilidade de racionamento de energia. Contudo, o cenário parece se desenhar por um outro caminho.
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“Eu não tenho certeza se precisamos dizer às pessoas para fazerem coisas que são óbvias. Não sou a favor de um governo condescendente assumindo que as pessoas são estúpidas. Os eleitores sabem o que precisam fazer e não precisam que eu diga a eles para fazer isso”, disse o ministro de Estado do governo, Jacob Rees-Mogg.