Reino Unido indicia dois russos por caso de envenenamento de ex-espião
Homens são acusados de trabalhar para a inteligência de Moscou; Sergei Skripal e sua filha foram intoxicados com a substância de fabricação russa Novichok
A Promotoria do Reino Unido denunciou dois cidadãos da Rússia nesta quarta-feira 5 por tentativa de homicídio no caso do envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal e de sua filha Yulia na cidade inglesa de Salisbury, em março. Os dois são acusados de trabalhar para a inteligência militar russa.
Os homens foram identificados pelas autoridades britânicas como Alexander Petrov e Ruslan Boshirov e denunciados por conspiração para assassinar Skripal, que morava no Reino Unido desde uma troca de espiões com Moscou em 2010.
Também foram indiciados pelo uso e pela posse da substância neurotóxica Novichok, além da tentativa de homicídio contra o ex-agente de inteligência, sua filha e o policial Nick Bailey, também exposto à toxina.
Segundo a primeira-ministra Theresa May, os dois homens trabalhavam para o Departamento Central de Inteligência das Forças Armadas da Rússia (GRU). Para May, o ataque mostra a natureza da ameaça que o GRU representa para o Reino Unido e para todos os seus aliados.
Em discurso no Parlamento britânico, a premiê afirmou que seu país estava certo ao acusar os russos pelo envenenamento no início do ano. Também disse que seus aliados ocidentais fizeram bem em impor sanções e expulsar diplomatas russos em resposta ao ocorrido.
Londres disse que não buscaria a extradição do par de acusados, uma vez que a Constituição russa proíbe o procedimento. A polícia local, contudo, obteve um mandado europeu de prisão contra eles, o que prevê a sua detenção se pisarem na União Europeia.
Skripal e sua filha foram envenenados em 4 de março e permaneceram hospitalizados por várias semanas em estado crítico. O ex-espião recebeu alta em 18 de maio e sua filha Yulia em 11 de abril.
O caso gerou grande comoção internacional e se transformou em um grande conflito diplomático entre a Rússia e as potências ocidentais. Apesar de todas as acusações, o Kremlin nega ter responsabilidade pelo envenenamento.
Em junho, outras duas pessoas foram intoxicadas com Novichok de fabricação russa. Os britânicos Dawn Sturgess e Charlie Rowley foram envenenados com um frasco de perfume intoxicado com a substância tóxica.
Sturgess, de 44 anos, morreu no dia 8 de julho por causa da intoxicação, enquanto seu parceiro já recebeu alta. Segundo Theresa May, Petrov e Boshirov também são suspeitos por este segundo envenenamento.
(Com AFP e Estadão Conteúdo)