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Regime norte-coreano usou passaportes brasileiros, diz Reuters

Documentos brasileiros foram obtidos de forma fraudulenta na década de 90

Por Reuters
Atualizado em 27 fev 2018, 16h09 - Publicado em 27 fev 2018, 15h24

O ditador norte-coreano Kim Jong-un e seu pai, Kim Jong-il, utilizaram passaportes brasileiros obtidos de forma fraudulenta para solicitar vistos para países ocidentais na década de 90, informou a agência de notícias Reuters nesta terça-feira.

As informações foram obtidas pela agência por meio de fontes internas de segurança na Europa Ocidental. A Reuters também obteve cópias dos documentos.

“Eles usaram esses passaportes brasileiros, que claramente mostram fotos de Kim Jong-un e Kim Jong-il, para tentar obter vistos de embaixadas estrangeiras”, disse uma alta fonte de segurança ocidental, sob condição de anonimato, à agência. “Isso mostra seu desejo por viagens, e aponta para as tentativas da família governante de construir uma possível rota de fuga”, acrescentou.

Uma fonte brasileira, que também falou sob condição de anonimato, disse que os dois passaportes em questão eram documentos legítimos quando enviados em branco para emissão em consulados.

A VEJA, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil afirmou que está investigando o caso.

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Outras quatro fontes de segurança europeias confirmaram à Reuters que os dois passaportes brasileiros com fotos dos Kims com os nomes de Josef Pwag e Ijong Tchoi foram utilizados para solicitar vistos em ao menos dois países ocidentais. Não ficou claro se os vistos foram obtidos.

Os passaportes também podem ter sido usados para viagens a Brasil, Japão e Hong Kong, de acordo com as fontes de segurança. A embaixada da Coreia do Norte no Brasil se recusou a comentar a reportagem.

O jornal japonês Yomiuri Shimbun informou em 2011 que Jong-un visitou Tóquio quando criança usando um passaporte brasileiro em 1991 — antes da data de emissão impressa nos dois passaportes brasileiros vistos pela Reuters.  Na época, segundo o jornal, o motivo da viagem teria sido uma visita à Disney de Tóquio.

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Embora já se soubesse que a família de governantes da Coreia do Norte usou documentos de viagem obtidos de forma irregular, há poucos exemplos específicos até o momento. As cópias dos passaportes brasileiros obtidas pela Reuters nunca haviam sido publicadas.

Nomes falsos

Segundo a Reuters, os dois passaportes brasileiros com 10 anos de validade contêm um carimbo dizendo “Embaixada do Brasil em Praga” com data de expedição de 26 de fevereiro de 1996. As fontes de segurança disseram que tecnologia de reconhecimento facial confirmaram que as fotos são de Kim Jong-un e seu pai.

O passaporte com a foto do atual ditador norte-coreano foi emitido em nome de Josef Pwag, com data de nascimento de 1 de fevereiro de 1983. Sabe-se tão pouco sobre Jong-un que até mesmo sua data de aniversário é contestada. Ele teria de 12 a 14 anos de idade quando o passaporte brasileiro foi emitido.

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O passaporte de Jong-il foi emitido no nome de Ijong Tchoi com data de nascimento de 4 de abril de 1940. Jongill morreu em 2011. Sua verdadeira data de nascimento era em 1941. Ambos os passaportes exibem como local de nascimento dos portadores a cidade de São Paulo.

A primeira fonte de segurança se recusou a descrever como as cópias dos passaportes foram obtidas, citando regras de sigilo. A Reuters viu apenas cópias dos documentos, de forma que não foi capaz de discernir se foram adulterados.

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