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Regime de Maduro liberta juíza, jornalista e 20 estudantes

A juíza Maria Lourdes Afiuni e o jornalista Braulio Jatar estão na lista dos presos políticos liberados; restam outros 666 nas prisões

Por Da Redação
5 jul 2019, 18h06

O regime do venezuelano Nicolás Maduro libertou 22 presos políticos na quarta-feira 3, incluindo a juíza Maria Lourdes Afiuni e o jornalista Braulio Jatar, segundo o escritório da alta comissária de Direitos Humanos das Nações Unidas, Michelle Bachelet. Entre os libertados estão 20 estudantes.

Na quinta-feira 4, Bachelet divulgou o relatório sobre a visita que fez ao país entre os dias 19 e 21 de junho, no qual apontou uma série de violações do governo e acusou uma força de elite criada pelo presidente Nicolás Maduro de ser responsável pela morte de mais de 5.700 pessoas em 2018 e de outras 1.500 neste ano.

“A libertação bem-vinda de 62 detidos em junho e de outros 22, incluindo o jornalista Braulio Jatar e a juíza (Maria) Lourdes Afiuni, significam o início de um engajamento positivo nas muitas questões de direitos humanos na Venezuela”, disse Bachelet.

Uma porta-voz ainda contou que a alta comissária pedira as 22 libertações diretamente a Maduro. Segundo a organização não governamental Foro Penal, havia 688 “presos políticos” no país. Agora, seriam 666.

A delegação da Venezuela no Conselho de Direitos Humanos criticou o relatório de Bachelet sobre a situação no país, classificando-o como “parcial e cheio de graves erros metodológicos”. “O documento é dominado por uma visão seletiva e parcial, carente de rigor científico e com graves erros metodológicos”, ressaltou o vice-ministro venezuelano de Relações Exteriores, William Castillo.

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Detida sem mandato

Uma das detentas liberadas na quinta-feira, a juíza Maria Lourdes Afiuni estava presa desde 2009, sem a existência de nenhum mandato de prisão. Ela irritara o então presidente venezuelano Hugo Chávez ao absolver o empresário Eligio Cedeño, acusado de corrupção.

Procuradores acusaram a juíza de ter aceitado suborno para libertar Cedeño. Ela negou as acusações, insistindo que liberou o acusado porque ele esperava pelo julgamento há mais tempo do que o permitido pela lei.

Em março de 2010, a ONU considerou a detenção da juíza como “arbitrária“. Mais tarde, Afiuni disse ter sido estuprada na prisão e recusou tratamento de saúde oferecido pelas autoridades. Líderes do governista Partido Socialista Unificado da Venezuela, de Maduro, rejeitaram as alegações, afirmando que elas eram uma farsa para angariar solidariedade.

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Pouco tempo depois, a magistrada foi posta em prisão domiciliar, de onde acompanhou sua condenação a cinco anos de prisão em março deste ano.

O jornalista e advogado Braulio Jatar, de 29 anos, estava encarcerado desde 2016 na ilha Margarita. O profissional, que também tem cidadania chilena, foi preso depois de publicar um protesto contra Maduro e de acusá-lo de lavagem de dinheiro.

Na ocasião, o ditador venezuelano visitava o bairro popular de Villarosa, acabou cercado por manifestantes contrários a seu governo e teve de deixar o local. O jornal eletrônico de Jatar, chamado Reporte Confidencial (Relatório Confidencial, em tradução livre), teria sido um dos primeiros veículos de imprensa a divulgar um vídeo do episódio.

(Com Reuters)

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