Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

ONU atribui milhares de execuções a forças de segurança da Venezuela

A alta comissária para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, elaborou relatório após visita ao país

Por Da Redação Atualizado em 5 jul 2019, 01h29 - Publicado em 5 jul 2019, 01h26

A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, denunciou nesta quinta-feira 4 o número “surpreendentemente elevado” de supostas execuções extrajudiciais cometidas pelas forças de segurança na Venezuela. Em um relatório, a ex-presidente do Chile atribui a maioria de 5.287 assassinatos assassinatos a esse grupo.

A grande maioria dessas mortes foi cometida pelas forças de segurança, uma proporção “surpreendentemente alta”, alertou Bachelet.

“Há incontáveis imprecisões, erros, descontextualizações e declarações falsas em que o EACDH incorre, como resultado do uso inadequado das fontes disponíveis”, respondeu o governo venezuelano.

Em seu relatório depois da visita à Venezuela, de 19 a 21 de junho, Bachelet ressalta igualmente que “os grupos armados civis pró-governamentais conhecidos como coletivos contribuíram para a deterioração da situação, ao impor o controle social e ajudar a reprimir as manifestações”.

Em suas conclusões, a ex-presidente do Chile pede a dissolução das Forças Especiais (FAES), às quais ela atribui em particular a maioria dos 5.287 assassinatos extrajudiciais. As mortes teriam ocorrido, supostamente, devido à “resistência à autoridade”, durante as operações policiais em 2018.

“Entre 1º de janeiro e 19 de maio deste ano, outras 1.569 pessoas foram mortas, segundo as estatísticas do próprio governo, e outras fontes sugerem que os números podem ser muito maiores”, ressalta Bachelet.

Continua após a publicidade

Esses dados foram fornecidos ao gabinete de Bachelet pelo próprio governo venezuelano, disse à AFP uma porta-voz, Ravina Shamdasani.

“Não tínhamos publicado até agora (…). Foram enviados para nós em resposta direta a nossos pedidos”, explicou.

Além disso, há 793 pessoas arbitrariamente privadas de liberdade, diz a alta comissária.

Continua após a publicidade

A Venezuela atravessa uma profunda crise política há meses, com a disputa entre o presidente Nicolás Maduro e a oposição ao lado do presidente interino autodeclarado, Juan Guaidó, reconhecido por cerca de 50 países.

O relatório de Bachelet confirma “todas as denúncias que temos realizado durante anos”, reagiu Guaidó, qualificando o governo Maduro de “ditadura sanguinária”.

O país também está passando por uma grave crise econômica, agravada por um embargo de petróleo e por sanções financeiras impostas pelos Estados Unidos para tentar tirar Maduro do poder.

Continua após a publicidade

“O governo se recusou a reconhecer a magnitude da crise até recentemente e não adotou as medidas apropriadas”, explicou o texto.

“O relatório apresenta uma visão seletiva e abertamente parcial sobre a verdadeira situação dos direitos humanos” da Venezuela, afirmou o governo de Maduro em seus comentários.

“O documento recomenda libertar todas as pessoas presas ‘por motivos políticos’. Esta recomendação é inaplicável e, portanto, equivocada, pois na Venezuela não existem pessoas detidas por tais condições”, acrescenta.

Continua após a publicidade

“A situação é complexa”, admite Bachelet, que conseguiu se encontrar com os principais protagonistas da crise e com algumas vítimas.

“Este relatório contém recomendações claras sobre medidas que podem ser tomadas imediatamente para parar as violações atuais, fornecer justiça às vítimas e criar um espaço para discussões significativas”, diz Bachelet.

Além da dissolução das FAES e dos “coletivos”, Bachelet recomenda a criação de “um mecanismo nacional imparcial e independente” para analisar essas execuções extrajudiciais. Ela também pede ao governo que publique regularmente dados abrangentes sobre saúde, acesso à água e comida, entre outros, da população venezuelana.

Continua após a publicidade

O relatório recorda que o Alto Comissariado solicitou a criação de um escritório permanente na Venezuela.

Para o governo venezuelano, o relatório “não diz nada (…) sobre a necessidade de levantar as medidas coercitivas unilaterais ilegal e ilegitimamente impostas ao país”.

“Peço a todas as pessoas com poder e influência – tanto da Venezuela, como no resto do mundo – que colaborem e contraiam os compromissos necessários para solucionar esta crise, que está destruindo tudo”, conclui Bachelet.

(Com AFP)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.