Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Queremos que modelo Bukele seja irreversível, diz ministro de El Salvador

Chefe da pasta de Justiça e Segurança no governo que diz ter vencido a guerra às gangues, Gustavo Villatoro foi recebido como estrela na CPAC

Por Amanda Péchy, de Balneário Camboriú
7 jul 2024, 14h32

No evento conservador e de direita que reúne Jair Bolsonaro, parlamentares e apoiadores do ex-presidente em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, além do presidente da Argentina, Javier Milei, o ministro da Justiça e Segurança Pública de El Salvador, Gustavo Villatoro Nunes, foi recebido como estrela. A Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC, na sigla em inglês) trouxe representantes de governos considerados importantes para a extrema direita mundial, e a altamente controversa política de segurança do presidente salvadorenho, Nayib Bukele, colocou a pequena nação de 6 milhões de pessoas como referência desse setor político.

Villatoro subiu ao palco sob o coro de “Bukele, Bukele, Bukele” da plateia, que a CPAC diz ser constituída por cerca de 3 mil pessoas. O regime de exceção salvadorenho, baseado na dizimação das gangues que faziam do país um dos lugares mais violentos do planeta, reduziu a taxa de homicídios do país de 62 por 100 mil habitantes em 2020, a mais alta do planeta, para 2,3 homicídios por 100 mil habitantes em 2023.

“Como a Europa recuperou seu caminho após a II Guerra Mundial? Para dar segurança aos cidadãos, precisou de justiça, com os Tribunais de Nuremberg. Bukele fez o mesmo”, disse o ministro da Justiça e Segurança salvadorenho.

O custo do modelo

O governo, porém, é acusado de atropelar a democracia com prisões indiscriminadas, Judiciário enfaixado e oposição reprimida. Bukele proclamou estado de exceção — que já renovou 22 vezes — e autorizou a polícia a trancafiar qualquer suspeito de ligação com gangues. Quase nenhum preso foi julgado e, quando as audiências começarem — se começarem —, serão ações coletivas, com até 900 réus cada. Também construiu uma megaprisão, inaugurada em 2022, com capacidade para 40 mil presos.

“Os governos anteriores em El Salvador, tanto os que se diziam de direita quanto os que se diziam de esquerda, politizaram o Judiciário e fizeram um código penal fraco, que facilitou a vida das gangues. Por isso mandamos ao caralho a Corte de Justiça e o procurador-geral da República, que nunca fizeram nada para que o país vivesse em paz”, declarou Villatorio.

Continua após a publicidade

+ Prende e arrebenta: o estilo truculento de Bukele, reeleito em El Salvador

ONGs e organizações internacionais já alertaram para a ausência do devido processo legal nos tribunais para acusar formalmente os réus e julgá-los de acordo com a lei. As organizações Human Rights Watch e a Anistia Internacional, por sua vez, denunciaram mortes, tortura e detenções arbitrárias durante o regime de exceção, que é sistematicamente prorrogado. Do total de detidos, quase 8 mil já foram libertados – milhares porque são inocentes.

O ministro da Segurança e Justiça, porém, acusou esses órgãos de fazerem parte de um complô da esquerda global contra o país.

“Recebemos ataques de globalistas, organizações internacionais, ONGs. Mas caiu a máscara, ficou claro que esses órgãos estão apaixonadas por criminosos, e não querem o bem do povo salvadorenho”, disse ele. “Ficaram martelando o dado de que 3% da população masculina está presa. Mas Bukele representa os outros 97%, que são pessoas de bem. Uma vez no poder, não vamos dar as costas aos 97%”, completou.

Continua após a publicidade

Villatorio também justificou que, das 81 mil capturas de “terroristas” desde 2021, segundo dados do governo, só houve “115 letalidades”.

Modelo Bukele

O sucesso no controle da criminalidade, ainda que a custo da democracia, fez de Bukele o presidente mais popular da América Latina, com quase 80% de aprovação. Por isso, outros governantes agora tentam emular seu modelo, ignorando as controvérsias.

A ministra da Segurança do governo Milei, Patricia Bullrich, fechou um pacto para implementar o “modelo Bukele” na Argentina. No Equador, tomado por gangues de narcotraficantes, o presidente Daniel Noboa declarou estado de exceção e anunciou a construção de duas megaprisões. Rafael López Aliaga, prefeito de Lima, mencionou um “plano Bukele” ao solicitar a presença do Exército nas ruas. Honduras planeja erguer uma prisão exclusiva para gângsteres. O Movimento Brasil Livre (MBL) mandou três integrantes para acompanhar a reeleição de Bukele, no início do ano, e redigiu um documento com medidas inspiradas por ele.

Continua após a publicidade

+ Com referendo sobre segurança, Equador avança em processo de ‘bukelização’

“Representamos a esperança para 660 milhões de latino-americanos. É o poder do exemplo. Não há um governo no mundo agora que possa dizer que não é possível combater o crime organizado, porque Bukele provou ser possível. Nossa experiência está como um livro aberto e já recebemos gente do Peru, Argentina, Panamá e Honduras para compartilhá-la”, afirmou Villatorio na CPAC.

Ele ressaltou que a ideia é garantir que as mudanças implementadas por Bukele em El Salvador sejam “irreversíveis”, e rechaçou a necessidade de reintegrar os milhares de presos na sociedade – sugerindo que ONGs usem aviões para retirá-los do país e levá-los para “qualquer outro lugar”.

“Não há reabilitação para assassinos em série. Vamos garantir que essas mudanças sejam irreversíveis e que esses assassinos não voltem nunca para a sociedade”, concluiu o ministro salvadorenho.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.