Quem era Charlie Kirk e como influenciou a vitória de Trump nas eleições dos EUA
Ativista conservador morto nesta quarta-feira, 10, teve uma grande influência na escolhas de nomes para compor o gabinete do republicano

Aliado do presidente Donald Trump, o ativista conservador Charlie Kirk, morto por um atirador nesta quarta-feira, 10, envolveu-se com a política ainda na juventude. Nascido em 1993, em Illinois, ele engatou como voluntário na campanha para o Senado dos Estados Unidos do republicano Mark Kirk, eleito em 2010. Os dois não tinham qualquer vínculo familiar, embora compartilhassem o mesmo sobrenome. Aos 18 anos, tornou-se cofundador do grupo estudantil conservador Turning Point USA, rendendo-o apoio de republicanos.
O evento do qual Kirk fazia parte quando foi assassinado em uma universidade em Utah, no centro-oeste dos EUA, era a a primeira parada da tour chamada “American Comeback” (retorno americano, em português) promovida pelo Turning Point. O grupo, que atrai uma multidão de jovens de extrema direita, é conhecido por uma retórica alarmista sobre uma gama de assuntos, como raça, islamismo e imigração. Em 2019, criou lançou o Turning Point Action, que apoia candidatos conservadores a cargos públicos, incluindo o próprio Trump.
Segundo a emissora americana CNBC, o Turning Point foi fundamental para mobilizar a juventude pró-Trump nas eleições de 2020, apesar de ter sido derrotado pelo democrata Joe Biden — uma vitória que foi rejeitada e alvo de teorias conspiratórias por republicanos, entre eles Kirk. No pleito do ano passado, que garantiu o retorno de Trump à Casa Branca, Kirk ajudou a impulsionar a candidatura do líder americano nas redes sociais.
Ele contava com 8,7 milhões de seguidores no Instagram e 5,6 milhões no X, antigo Twitter. Era criador e apresentador do podcast The Charlie Kirk Show, com um público de 8,2 milhões no TikTok, onde conquistou 254,3 milhões de curtidas até a manhã desta quinta-feira, 11. Chegou-se a, inclusive, ser cogitado como parte do governo, mas a ideia teria sido descartada pela compreensão de que a influência de Kirk nas redes era mais poderosa do que um cargo político.
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Proximidade com Trump
Um levantamento da emissora americana CNN apontou que o Turning Pont conseguiu angariar votos de mais de 125 mil eleitores irregulares no Arizona, onde Trump venceu por uma vantagem de cerca de 187 mil. Em maio, o presidente dos EUA reconheceu o trabalho do aliado na sua eleição, afirmando: “E Charlie Kirk lhe dirá, o TikTok ajudou, mas Charlie Kirk também ajudou”. Os dois se aproximaram com a vitória de Trump, sendo flagrados numa partida de golfe dois dias antes da posse presidencial, informou o jornal americano The New York Times.
A CNN apontou, ainda, que Kirk teve uma grande influência na escolhas de nomes para compor o gabinete de Trump. Ele chegou a mudar-se temporariamente para Palm Beach, na Flórida, para acompanhar a transição presidencial. Em janeiro, viajou com o filho do líder americano, Donald Trump Jr., para a Groenlândia, em um momento que Trump cogitava tomar o território controlado pela Dinamarca. Depois, quando o republicano assumiu o poder, passou um período em Washington, D.C, e participou de várias posses de autoridades do governo.
Influente, não tinha diploma universitário. Ele abandonou a faculdade Harper College em Palatine, Illinois, para dedicar-se ao ativismo conservador, uma decisão da qual se gabava com frequência: “Se você quer se destacar, não vá para a faculdade. Funcionou para mim”, disse em um comício. Kirk, um cristão, era casado com Erika, ex-vencedora do concurso de beleza Miss Arizona EUA, com quem teve dois filhos.
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Morte por atirador
Kirk foi assassinado nesta quarta-feira, 10, enquanto respondia a perguntas sobre violência armada em uma universidade em Utah, no centro-oeste do país. Segundo a instituição, Kirk foi atingido cerca de 20 minutos após iniciar seu discurso em um evento da Turning Point USA, organização cofundada por ele que defende políticas conservadoras em escolas e universidades.
O ativista foi retirado do local por sua equipe de segurança. A porta-voz da universidade, Ellen Treanor, afirmou que o atirador estava no Losee Center, um prédio a cerca de 180 metros de distância de onde estava seu alvo. Pelo menos 1.000 pessoas estavam presentes no evento na Universidade Utah Valley no momento do ataque, segundo Trotter.
O campus foi fechado após o ataque e as aulas foram canceladas até novo aviso. Vídeos postados online mostram pessoas fugindo do evento após o disparo de um tiro. Uma gravação parece mostrar a cabeça de Kirk sendo jogada para trás e sangue escorrendo de seu pescoço.
Tanto democratas e quanto republicanos rapidamente condenaram o tiroteio com postagens nas redes sociais e pronunciamentos no Congresso. Em uma publicação, o democrata Gavin Newsom, governador da Califórnia, chamou a violência de “repugnante, vil e repreensível”. Trump ordenou que as bandeiras americanas fossem baixadas a meio mastro até a noite de domingo em homenagem ao aliado.
“O Grande, e até mesmo Lendário, Charlie Kirk está morto. Ninguém compreendia ou tinha o Coração da Juventude dos Estados Unidos da América melhor do que Charlie. Ele era amado e admirado por TODOS, especialmente por mim, e agora não está mais entre nós. Melania e eu enviamos os pêsames à sua linda esposa Erika e à família. Charlie, nós te amamos!”, escreveu Trump em sua rede social, a Truth Social.