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Quase 55 mil crianças enfrentam desnutrição aguda em Gaza, mostra estudo da ONU

Pesquisadores mediram a circunferência dos braços de 220 mil crianças de seis meses a cinco anos em Gaza entre janeiro de 2024 e agosto de 2025

Por Paula Freitas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 out 2025, 12h18 - Publicado em 9 out 2025, 11h45

Quase 55 mil crianças em idade pré-escolar enfrentam desnutrição aguda em Gaza, mostrou um estudo publicano na renomada revista científica Lancet nesta quarta-feira, 9. Liderada pela Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (Unrwa), a pesquisa aponta que os dois anos de guerra entre Israel e Hamas provocaram “enormes consequências nutricionais” para milhares de menores. Ao menos 453 palestinos morreram de fome, incluindo 150 crianças, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.

Akihiro Seita, diretor de saúde da UNRWA e autor do estudo, alertou que mais crianças morrerão a não ser que Israel permita a atuação de “serviços humanitários, médicos, econômicos e sociais internacionais, competentes e desimpedidos”. Para chegar à conclusão do estudo, pesquisadores mediram a circunferência dos braços de 220 mil crianças de seis meses a cinco anos em Gaza entre janeiro de 2024 e agosto de 2025, quando a fome foi declarada pela Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC), órgão apoiado pela ONU.

Em janeiro do ano passado, 5% das crianças examinadas apresentavam sinais de emagrecimento. O número subiu para 9% nos seis meses seguintes. A entrada de ajuda humanitária, resultado de um cessar-fogo que se estendeu de novembro a março de 2025, desacelerou a desnutrição. Mas, com o fim da trégua e o bloqueio israelense de 11 semanas ao envio de suprimentos, os níveis de desnutrição entre crianças examinadas dispararam para quase 16%, com quase um quarto delas sofrendo forma mais aguda e perigosa da doença.

+ Dois anos de guerra em Gaza: o conflito Israel-Hamas em números

Panorama agravado

Isso significa que mais de 54.600 crianças até seis anos de idade precisam de nutrição e cuidados médicos de emergência, incluindo 12.800 crianças com desnutrição grave. Masako Horino, epidemiologista nutricional da UNRWA e cientista-chefe do estudo, afirmou que evidências pré-guerra indicavam que crianças em famílias de refugiados já sofriam de “insegurança alimentar”, mas estavam apenas marginalmente abaixo do peso. O conflito entre Israel e Hamas agravou a situação.

“Após dois anos de guerra e severas restrições à ajuda humanitária, dezenas de milhares de crianças em idade pré-escolar na Faixa de Gaza agora sofrem de desnutrição aguda evitável e enfrentam um risco maior de mortalidade”, disse a médica.

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O panorama é particularmente grave em Rafah, cidade superpovoada ao sul de Gaza, onde a desnutrição quadruplicou após Israel lançar uma ofensiva massiva na região. Na Cidade de Gaza, os casos de desnutrição crônica aumentaram mais de cinco vezes desde março de 2025 e subiram para quase 30% em meados de agosto.

+ Unicef diz que 64 mil crianças foram mortas ou feridas na guerra em Gaza

Alertas do Unicef

Ainda na quarta-feira, a diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Catherine Russell, informou que ao menos 64 mil crianças foram mortas ou feridas na guerra na Faixa de Gaza. Ela alertou que “a fome persiste na Cidade de Gaza e está se espalhando para o sul, onde as crianças já vivem em condições terríveis” e destacou que “a crise de desnutrição, especialmente entre os bebês, continua chocante”.

“Por mais de 700 dias, crianças em Gaza foram mortas, mutiladas e deslocadas em uma guerra devastadora que é uma afronta à nossa humanidade compartilhada. Os ataques israelenses na Cidade de Gaza e em outras partes da Faixa de Gaza continuam. O mundo não pode – e não deve – permitir que isso continue”, disse ela em declaração.

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“Nos últimos dois anos, impressionantes 64.000 crianças foram mortas ou mutiladas em toda a Faixa de Gaza, incluindo pelo menos mil bebês. Não sabemos quantos mais morreram devido a doenças evitáveis ou estão enterrados sob os escombros”, acrescentou.

Russell indicou, ainda, que a falta de uma alimentação duradoura provocou “causaram danos duradouros ao crescimento e desenvolvimento das crianças” no enclave palestino. A chefe da Unicef instou Israel a respeitar o direito internacional e garantir “proteção total da vida de todos os civis”, frisando que “negar assistência humanitária a civis é inequivocamente proibido”.

Acredita-se que 40 mil crianças tenham perdido um ou ambos os pais, segundo o Escritório Central de Estatísticas da Palestina, que definiu a situação como “a maior crise de órfãos da história moderna”. Dados de março do Unicef também revelaram que cerca de 4 mil crianças em Gaza tiveram um ou mais membros amputados. O enclave tornou-se o lugar do mundo com o maior número de menores mutilados. Quase 658 mil crianças estão sem acesso à educação, já que os centros de ensino foram destruídos ou são usados como abrigo.

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