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Qual é o poder do Hamas? Entenda

Antes destinado ao controle político em Gaza, a organização palestina de terror protagonizou um dos maiores ataques dos últimos 50 anos

Por Henrique Barbi
Atualizado em 25 out 2023, 12h03 - Publicado em 25 out 2023, 12h01

Desde o ataque surpresa contra Israel, em 7 de outubro, o grupo terrorista palestino Hamas assumiu um protagonismo inédito no cenário internacional. A morte de cerca de 1.400 pessoas e o sequestro de mais de 200, em apenas 48 horas de invasão, fez crescer questionamentos sobre o quão poderosa é a organização.

O arsenal dos militantes islâmicos indica que os israelenses podem os ter subestimado. Milhares de foguetes – fala-se em até 5 mil – foram lançados contra o território israelense em 7 de outubro, enquanto um exército de ao menos 1 mil homens derrubou partes da Parede de Ferro, a cerca altamente tecnológica de 65 km e custou US$ 1 bilhão que cerca Gaza, com drones e tratores de esteira.

O Hamas surpreendeu não só Israel, que promete uma resposta sem precedentes, como a comunidade global. Apesar de ter uma força militar de aproximadamente 30 mil combatentes, os terroristas fizeram frente às Forcas de Defesa de Israel (FDI), muito superiores em efetivo (170 mil soldados ativos e 300 mil reservistas).

A capacidade tecnológica da última ofensiva indica uma evolução do grupo, e um provável financiamento externo. Os terroristas atacaram os sensores de Israel e desativaram suas câmaras de segurança, além de adotarem um uso inédito de guerra cibernética, com o bloqueio dos sistemas de comunicações israelenses, segundo um relatório da agência de notícias Reuters.

+ Exército israelense indica ‘atraso estratégico’ em invasão de Gaza

As FDI acreditavam que o Hamas havia desistido dos confrontos em grande escala, e se concentrado apenas no controle da Faixa de Gaza, que obteve em 2007. Ao longo de dois anos, os palestinos radicais deram uma trégua nas investidas, o que levou a mais uma análise equivocada.

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A última agressão aconteceu em 2021, quando o Hamas disparou 4.300 foguetes contra Israel durante 11 dias e mataram 12 pessoas. Isso já indicava um aprimoramento de suas capacidades: que no ataque anterior, em 2014, o grupo precisou de um período de 50 dias para disparar cerca de 4.500 foguetes.

Ainda assim, não foram páreo para os israelenses. Em 2021, a resposta ao extremismo palestino por parte das FDI resultou em um ataque à Gaza com mais de 200 mortes.

O Hamas foi fundado em 1987 pelo xeque Ahmed Yassin, um clérigo palestino, durante a primeira intifada – momento em que milhares de palestinos lutaram contra a ocupação israelense da Cisjordânia e de Gaza, com pedras e paus. A organização juntou-se então à Irmandade Muçulmana, o movimento islâmico mais antigo do mundo, no Cairo. À princípio, a ideia era levar a atividade política da Irmandade a Gaza.

Na sua primeira carta, publicada em 1988, o Hamas (nome que vem do acrônimo para “Movimento de Resistência Islâmica”, em árabe) declarou o dever de libertar a Palestina de Israel, e defendeu a extinção do Estado judeu. Nos anos seguintes, vieram os primeiros ataques contra alvos militares israelenses e a oposição aos Acordos de Oslo, entre Tel Aviv e o chefe da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Yasser Arafat, mediados pelo presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, para estabelecer a paz no Oriente Médio.

O fraco apelo do Hamas entre os povos palestinos, tanto na política quanto no poderio bélico, foi superado com o passar dos anos. Em 2006, ano em que Israel deixou de ocupar Gaza, o grupo se estabeleceu como a maior força no parlamento e formou um governo de coalizão com o mais moderado partido Fatah.

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Mas a unidade durou pouco e, em junho de 2007, os terroristas assumiram o controle exclusivo do enclave palestino, deixando o Fatah com a gestão da Autoridade Palestiniana (AP), situada na Cisjordânia. Em resposta, Israel e Egito, que compartilham fronteiras com a Faixa de Gaza, impuseram um bloqueio sem precedentes ao território.

Desde então, a economia local foi sufocada, acabaram as eleições e os cidadãos foram submetidos à opressão do Hamas. O domínio solitário fez com que o grupo se estruturasse militarmente, com o auxílio do Irã, da Síria e do Hezbollah, um grupo paramilitar xiita no Líbano. Com isso, deflagrou a primeira guerra contra Israel, em 2008.

Na sequência, mais duas guerras eclodiram, uma em 2012 e a outra em 2014, ambas incitadas pelo terror.

As retaliações de Israel sempre foram duras, mas o Hamas desenvolveu um complexo sistema de túneis que possibilitaram a ocultação dos avanços militares e o contrabando de armas pela fronteira com o Egito. Resta ver se, desta vez, sairá enfraquecido ou voltará a inovar para garantir a existência.

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