O partido Vente Venezuela, liderado pela principal figura da oposição venezuelana, María Corina Machado, informou nesta sexta-feira, 2, que sua sede em Caracas foi atacada durante a madrugada por um grupo de seis pessoas encapuzadas. O incidente ocorre em meio à escalada de repressão contra a oposição e seus apoiadores, que contestam por fraude o resultado das eleições do último domingo que deu vitória ao ditador Nicolás Maduro.
“Assalto às 3h com arma de fogo em ‘El Bejucal’, sede nacional do Vente Venezuela e escritório de María Corina Machado. Seis homens encapuzados e sem identificação subjugaram os seguranças. Eles os ameaçaram e passaram a fazer pichações, arrombar portas e levar equipamentos e documentos”, publicou o grupo no X, antigo Twitter.
O comunicado acrescentou: “Denunciamos o ataque e a insegurança a que estamos sujeitos por motivos políticos e alertamos o mundo sobre a (necessidade de) proteção dos nossos membros”.
#URGENTE Atraco a las 3am con armas de fuego en “El Bejucal”, sede nacional del @ConVzlaComando y oficina de @MariaCorinaYA. 6 hombres encapuchados y sin identificación sometieron a vigilantes. Los amenazaron y procedieron a hacer pintas, romper puertas y llevarse equipos y… pic.twitter.com/9ey475uwRS
— Vente Venezuela (@VenteVenezuela) August 2, 2024
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Contexto de tensão
O ataque ocorreu depois de Corina, que disse estar escondida devido a ameaças de prisão do regime chavista, ter convocado protestos em “todas as cidades” do país para sábado, 3, em repúdio à fraude eleitoral cometida por Maduro.
“Devemos continuar firmes, organizados e mobilizados com o orgulho de termos conquistado uma vitória histórica no dia 28 de julho e a consciência de que para ratificar (a vitória) também iremos até o fim”, disse ela em vídeo que divulgou nas redes sociais na quinta-feira. “O mundo vai ver a força e a determinação de uma sociedade determinada a viver em liberdade”, acrescentou.
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Anteriormente, em artigo de opinião que assinou no jornal americano The Wall Street Journal, Corina disse estar “na clandestinidade” depois de Maduro ter pedido sua prisão, bem como a de seu candidato presidencial, Edmundo González Urrutia. O ditador os acusou de serem responsáveis por atos violentos nas ruas: “Vocês têm sangue nas mãos. Deveriam estar atrás das grades.”
Desde segunda-feira, os protestos contra a reeleição de Maduro deixaram 19 civis mortos, segundo organizações de direitos humanos, e mais de mil foram detidos.
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Depois do pleito de domingo, órgão eleitoral do país, controlado pelo chavismo, proclamou Maduro reeleito para um terceiro mandato de seis anos com 51% dos votos, contra 44% de González. A oposição afirma, por sua vez, ter cópias de mais de 80% das atas físicas que comprovam os resultados nas urnas e, com base nesses dados, que o seu candidato obteve 67% dos votos. O regime não divulgou nenhum documento que comprove a sua vitória.