Clare Hollingworth, repórter de um jornal britânico que deu a primeira notícia sobre o início da II Guerra Mundial, morreu nesta terça-feira. A consagrada correspondente internacional faleceu em Hong Kong, aos 105 anos.
Em agosto de 1939, aos 27 anos, Hollingworth viajou sozinha para a fronteira com a Alemanha e testemunhou a primeira coluna de tanques nazistas se mobilizando para invadir a Polônia. Três dias depois, ela foi a primeira a relatar o início das hostilidades não apenas para leitores do jornal The Daily Telegraph, mas também para autoridades britânicas e polonesas.
“Clare faleceu cercada de familiares e amigos, com muito carinho”, disse Cathy Hilborn Feng, sua amiga há mais de 20 anos. As reportagens de Clare sobre o início da guerra são consideradas um marco do jornalismo. “Eu fiz essa reportagem quando era muito, muito jovem”, disse ela em uma entrevista ao Daily Telegraph em 2009. “Eu fui lá para ver os refugiados, os cegos, os surdos e os deficientes mentais. Enquanto eu estava lá, a guerra repentinamente irrompeu”, contou.
Nascida em Leicester, em 1911, Hollingworth ficou conhecida por estar no lugar certo, na hora certa, depois de brilhantes descobertas ao longo da carreira. A jornalista também escapou por pouco da morte em 1946, quando uma bomba destruiu o hotel King David em Jerusalém, matando quase cem pessoas a poucos metros de onde ela estava. Clare ainda atuou como repórter no Vietnã, na Argélia e no Oriente Médio.
Nos anos 1970, Hollingworth se tornou uma das primeiras jornalistas ocidentais a reportar permanentemente de Pequim, onde o Daily Telegraph abriu uma sucursal. A jornalista viveu suas últimas quatro décadas em Hong Kong e era frequentadora assídua do Clube de Correspondentes Internacionais (FCC), onde comemorou seu aniversário de 105 anos em outubro do ano passado.
Durante a vida, Clare deixou claro em entrevistas que nunca foi tão feliz quanto nos momentos em que estava acompanhada apenas de escova de dente, máquina de escrever e, se necessário, um revólver. “Preciso admitir que gosto de estar na guerra”, disse ao Daily Telegraph em 2011, quando completou 100 anos.
(Com Reuters)