O grupo de mídia 21st Century Fox designou nesta quinta-feira (17) uma mulher para a direção da Fox News, um fato histórico para a emissora mais assistida dos Estados Unidos, afetada há dois anos por vários escândalos de assédio sexual e discriminação.
Suzanne Scott vai substituir Ruper Murdoch, que tinha retomado as rédeas da emissora após a saída forçada, em julho de 2016, do emblemático Roger Ailes, denunciado por assédio de várias mulheres.
Ela será a primeira CEO da empresa e a única mulher no comando de uma grande emissora de televisão nos Estados Unidos
A indicação de Suzanne, contudo, também despertou muitas críticas. A nova diretora é acusada de ter auxiliado a empresa a encobrir e abafar uma série de denúncias de abuso de vários funcionários.
A nova chefe da Fox News era até agora presidente dos programas da emissora e de sua empresa irmã Fox Business News, dedicada ao noticiário financeiro. Scott faz parte da Fox desde sua criação, em 1996.
A nova diretora nunca foi indiciada formalmente por seu envolvimento no acobertamento dos casos de assédio ocorridos dentro da emissora, mas foi acusada por Julie Roginsky, uma antiga funcionária, de fazer parte do time de diretores que “retaliava” os empregados que se queixassem dos abusos cometidos por Roger Ailes. Julie processou a Fox pelos assédios que sofreu.
Uma das primeiras acusações contra Alies foi feita pela ex-âncora da Fox News Gretchen Carlson, que diz ter perdido o emprego por se recusar a sair com seu chefe. O caso levou ao afastamento do diretor antes das eleições de 2016. Depois disso, o ex-CEO foi alvo de muitas outras acusações.
Ailes morreu em maio de 2017, depois de sofrer uma hemorragia no cérebro após cair em sua casa.
Segundo uma investigação do jornal The New York Times, há mais de uma década a Fox News sabia das acusações contra o líder. A emissora indenizou diretamente várias de suas supostas vítimas em acordos amistosos – duas delas após revelações sobre a conduta de Roger Ailes -, segundo a mesma investigação.
Além do caso Ailes, a Fox demitiu em abril de 2017 seu apresentador estrela Bill O’Reilly, denunciado também por abuso sexual por várias mulheres.
Na última terça, a 21st Century Fox aprovou um acordo amistoso com 18 funcionários ou ex-colaboradores, que acusaram a emissora de discriminação racial ou sexual.
(Com AFP)