O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, prestará depoimento neste domingo, 11, a três promotores do país sobre o polêmico acordo com o Brasil para a compra da energia produzida pela hidrelétrica de Itaipu.
Inicialmente, o presidente seria ouvido sobre o polêmico acordo durante a semana, mas o Ministério Público confirmou que Abdo Benítez decidiu antecipar o depoimento.
O comunicado do Ministério Público do país informa que os agentes solicitaram ao governo do Paraguai um relatório detalhado sobre os processos técnicos que basearam as negociações do acordo com o Brasil para a compra de energia de Itaipu.
Abdo Benítez e o vice-presidente do país, Hugo Velázquez, também investigado no caso, foram convocados formalmente a prestar depoimento na sexta-feira. No mesmo dia, o presidente disse que estava à disposição para colaborar com o Ministério Público.
Até o momento, os promotores já ouviram Pedro Ferreira, ex-presidente da Administração Nacional de Energia (ANDE), e José Rodríguez González, advogado considerado como um assessor informal de Velázquez. Ele teria influenciado as negociações do acordo por ordem do vice-presidente.
A renúncia de Ferreira abriu a maior crise política do governo de Abdo Benítez, que chegou ao poder há cerca de um ano e pode ser alvo de um impeachment pelo acordo, secreto para a opinião pública paraguaia até então.
O governo do Paraguai tentou controlar a crise com várias renúncias de importantes figuras envolvidas nas negociações, entre elas a do ex-ministro das Relações Exteriores Luis Alberto Castiglioni.
No entanto, a crise ganhou envergadura após a imprensa paraguaia revelar mensagens telefônicas de Rodríguez para Ferreira, nas quais o advogado apresentava-se como assessor de Velázquez.
Nos diálogos, Rodríguez González tenta excluir do acordo um ponto que daria à ANDE autorização para vender parte da energia do país a empresas privadas do país vizinho.
Acuado, Abdo Benítez negociou com o Brasil a revogação do acordo. A suspensão do pacto deu sobrevida ao presidente, já que o recuo do governo de Jair Bolsonaro foi o suficiente para que uma dissidência do Partido Colorado, liderada pelo ex-presidente Horacio Cartes, mudasse de ideia sobre o impeachment.
Sem os votos dos dissidentes do Honor Colorado, a oposição não tem o apoio necessário para fazer o impeachment de Abdo Benítez e de Velázquez avançar na Câmara dos Deputados. Mesmo assim, o pedido foi protocolado e deve ser analisado nos próximos dias. EFE