Presidente da Nicarágua descarta antecipar eleições mas propõe acordo
Daniel Ortega oferece a libertação de pessoas presas durante protestos contra o governo
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, revelou neste sábado, 9, sua agenda para as negociações com a oposição, em que descarta uma antecipação das eleições e oferece a libertação de pessoas presas durante protestos contra o governo, no momento em que o diálogo vive um impasse devido à retirada da Igreja Católica.
Ortega divulgou suas propostas para a negociação com a opositora Aliança Cívica pela Justiça e Democracia (ACJD), com a qual busca-se pôr fim à crise que o país enfrenta desde o ano passado. Imediatamente depois, a Aliança, que reúne estudantes, camponeses, empresários e a sociedade civil, disse que iria reconsiderar sua permanência na mesa de diálogo.
Os anúncios foram feitos após oito dias de reuniões, em que a delegação do governo não divulgou suas propostas para o processo, o que gerou dúvidas sobre as intenções do governo na mesa de diálogo.
Em comunicado, o governo voltou a negar a possibilidade de antecipar as eleições gerais, como deseja a oposição, “levando em conta que as eleições presidenciais e legislativas estão programadas para 2021”. Em troca, propôs fortalecer o tribunal eleitoral e implementar “as propostas de reformas que aprimorem processos eleitorais livres, justos e transparentes”, recomendados pela Organização de Estados Americanos (OEA).
Também propôs fortalecer as liberdades e os direitos, pedir à comunidade internacional que não aplique sanções contra o país, e libertar pessoas presas durante os protestos contra o governo, que explodiram em abril de 2018, deixando 325 mortos, 700 presos e milhares de exilados.
Sobre a libertação de detidos, o comunicado detalha que se tratam daqueles que ainda não foram julgados. Ortega indicou que será feito um chamado de apoio à comunidade internacional para “a implementação dos acordos finais da negociação e para suspender qualquer sanção contra o povo nicaraguense”.
Em uma tentativa de salvar o processo de negociação, o governo recorreu à OEA, segundo um comunicado conjunto entregue à imprensa. O órgão anunciou que, a pedido do governo, enviará na próxima segunda-feira, 11, o representante Luis Ángel Rosadilla para analisar, juntamente com os participantes das negociações, uma eventual participação da OEA no processo.