Com um dia de atraso, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, assinou nesta sexta-feira, 9, um cessar-fogo inédito com os guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional. Negociada em Havana, capital cubana, a trégua tem como finalidade promover paz para moradores afetados pelos conflitos que perduram por mais de meio século.
“É a primeira vez que o ELN se prepara para uma trégua bilateral de seis meses. Nunca antes isso foi alcançado em um processo de paz com essa guerrilha”, disse o comissário colombiano para a Paz, Danilo Rueda, ao jornal espanhol El País.
No encontro de oficialização do pacto, estavam presentes o alto comandante guerrilheiro, Antonio García, autoridades cubanas e Petro. O texto deveria ter sido finalizado nesta quinta-feira 8, mas foi adiado após as delegações de paz colombianas e a guerrilha armada solicitarem ao governo mais um dia para trabalharem nos ajustes finais.
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Em fases progressivas, o acordo entra em vigor plenamente em agosto, depois de 180 dias desde a assinatura. A medida inclui, ainda, a criação de comitê nacional “amplo e representativo” para firmar uma “era de paz” permanente, como defende Petro, que é o primeiro presidente de esquerda da Colômbia.
“Vocês propuseram aqui um acordo bilateral e eu concordo com isso, mas a sociedade colombiana tem que poder debater e participar”, disse o mandatário, ele mesmo um ex-guerrilheiro do extinto Movimento 19 de Abril.
Para que o cessar-fogo seja efetivo, o governo vai instalar, ao longo das próximas semanas, um conjunto de sistemas de monitoramento e verificação.
Um dos maiores grupos rebeldes do mundo, o Exército de Liberação Nacional foi formado na década de 1960, composto por sindicalistas, estudantes e representantes religiosos.
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As negociações entre governo e exército paramilitar foram interrompidas em 2019, quando guerrilheiros explodiram um carro-bomba em uma base de polícia em Bogotá, deixando 21 mortos. Eleito no ano passado, Petro retomou conversas com o ELN em novembro, cinco meses após chegar ao poder, com a promessa de instaurar uma “paz total” em todo o país.
O acordo voltou a balançar neste ano, quando, em janeiro, a liderança dos guerrilheiros negou uma segunda proposta de Petro. Dois meses depois, um ataque do ELN a uma base militar colocou as negociações em risco, mas não as impossibilitaram por completo.
Apesar das tentativas de manutenção da paz com diferentes associações guerrilheiras, o governo colombiano suspendeu, neste ano, uma trégua com rebeldes dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em quatro regiões do país, após o assassinato de jovens indígenas por insurgentes.