O presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Kevin McCarthy, foi destituído do cargo em uma votação histórica nesta terça-feira, 3, após o congressista de extrema direita Matt Gaetz, do Partido Republicano, apresentar uma moção contra ele. A ação foi motivada pela cooperação do líder, um republicano, em um acordo com legisladores democratas para evitar que o governo fosse paralisado em 1º de outubro.
A votação final foi de 216-210, com oito republicanos juntando-se a todos os democratas para votar pela remoção de McCarthy. Com uma maioria estreita, ele só podia perder quatro votos dos republicanos para continuar no cargo.
O deputado Patrick McHenry, um importante aliado de McCarthy e presidente do Comitê de Serviços Financeiros, anunciou-se então como líder da Câmara pro tempore.
É a primeira vez que um presidente da Câmara é destituído por um voto de desconfiança na história dos Estados Unidos. Quem ocupa esse cargo não é apenas o líder da casa baixa do Congresso, mas também o segundo na linha de sucessão à Presidência. Aliados de McCarthy alertaram que isso pode estabelecer um precedente perigoso, argumento que não convenceu os democratas a irem em socorro dele.
Na semana passada, o Congresso precisava aprovar um novo orçamento até meia-noite do sábado 30, antes do final do ano fiscal, para que agências governamentais continuassem em atividade. Deputados de extrema direita exigiam, no entanto, que a liberação da verba incluísse um profundo corte de gastos e o fim da ajuda financeira à Ucrânia, travando a votação. Eles rejeitavam, ainda, as tentativas de McCarthy para levar o caso ao plenário, que sofria ameaças devido a uma aliança com os democratas para evitar a paralisação.
Gaetz acusou McCarthy de fazer um “acordo paralelo secreto” com o presidente Joe Biden sobre a ajuda à Ucrânia. McCarthy negou ter feito qualquer acordo em troca de votos dos democratas para continuar no cargo.
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Com a aprovação de um projeto de lei provisório neste sábado, o governo ganhou financiamento extra até 17 de novembro, em uma manobra que evita que milhões de funcionários públicos trabalhem sem salário. Nesta terça-feira, antes da votação, o então presidente da Câmara defendeu sua decisão.
“No final das contas, manter o governo funcionando e pagar funcionários foi a decisão certa. Mantenho essa decisão”, afirmou McCarthy a repórteres. “Se eu tiver que perder meu emprego por causa disso, que assim seja, mas vou lutar pelo público americano e continuarei a lutar.”