O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, anunciou sua renúncia nesta quarta-feira, 14, dizendo que deixará o cargo no mês que vem. A decisão ocorre em meio a escândalos políticos em sua legenda, o Partido Liberal Democrático (PLD), e uma crise inflacionária que aumentou o custo de vida, combinação que produziu ampla insatisfação entre a população.
“A política não pode funcionar sem a confiança do público”, disse ele em entrevista coletiva. “Tomei essa decisão pesada pensando no público, com a forte vontade de impulsionar uma reforma política.”
O PLD realizará uma disputa em setembro para eleger um novo presidente do partido e, por extensão, um primeiro-ministro.
Popularidade em baixa
A aprovação de Kishida caiu desde que ele assumiu o cargo em 2021, após revelações sobre os laços do PLD com a controversa Igreja da Unificação. Sua popularidade sofreu outro golpe quando foi revelado que seu partido tinha um fundo secreto de doações políticas não registradas feitas em eventos de arrecadação de fundos.
Em paralelo, ele também enfrentou críticas pela inflação, resultado, em parte, de gastos massivos de estímulo durante a pandemia de Covid-19. Salários não conseguiram acompanhar o aumento do custo de vida no país, e o Banco do Japão precisou aumentar a taxa de juros para responder à alta de preços, contribuindo para a instabilidade do mercado de ações e levando o iene para uma alta acentuada.
Seu sucessor terá a tarefa de restaurar a confiança do público no partido e enfrentar os problemas econômicos, as crescentes tensões geopolíticas com a China e o possível retorno de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos no ano que vem.
O ex-ministro da defesa Shigeru Ishiba já se candidatou como um possível substituto, dizendo que gostaria de “cumprir seu dever” se ganhasse apoio suficiente, disse a emissora pública NHK. Outros nomes flutuaram como possíveis concorrentes incluindo a ministra das Relações Exteriores Yoko Kamikawa, o ministro digital Taro Kono e o ex-ministro do Meio Ambiente Shinjiro Koizumi.