Premiê inglesa quer antecipar eleições gerais para 8 de junho
O pleito vai escolher novos membros para o Parlamento e poderá dar a Theresa May maior margem de manobra para as negociações sobre o Brexit
A primeira-ministra da Inglaterra, Theresa May, anunciou nesta terça-feira que irá convocar eleições gerais antecipadas para 8 de junho, numa iniciativa que lhe dará maior margem de manobra para as negociações sobre o Brexit, processo de retirada do país da União Europeia (UE), caso seja vitoriosa. O anúncio inesperado foi feito do lado de fora de seu escritório na Downing Street e precisa de apoio de dois terços do Parlamento, que votará a proposta na próxima quarta-feira.
A conservadora May assumiu o poder em julho, pouco tempo depois de os ingleses votarem a favor do Brexit, e tem maioria parlamentar de 17 legisladores. Segundo a premiê, porém, falta unidade entre os representantes para conduzir um processo ordenado de saída do bloco. “O país está se unindo, mas Westminster não”, afirmou May. “Eu concluí que o único jeito de garantir certeza e segurança nos anos que virão é realizar esta eleição”, explicou.
O pleito antecipado deve acontece três anos antes da próxima votação prevista, que ocorreria em maio de 2020. May já havia afirmado em diversas oportunidades que não adiantaria a eleição, porém, explicou ter mudado opinião ao sentir que o “jogo político” de outros partidos inviabilizaria as conversas sobre o Brexit. “Se não fizermos uma eleição geral agora, seu jogo político vai continuar e as negociações com a UE chegarão a seu momento mais difícil até o próximo pleito previsto”, disse May.
Se aprovada, a eleição escolherá novos membros para a Câmara Baixa do Parlamento. O partido que conquistar a maioria escolhe o premiê, um cargo que, segundo pesquisas, continuará ocupado por May. A premiê deve sair do pleito fortalecida para a discussões com UE e ficar menos dependente do apoio de outros partidos e de representantes que defendem um rompimento completo com o bloco.
Uma eventual eleição também não deve atrasar as negociações sobre o Brexit, porque o diálogo só terá início quando os demais 27 integrantes da UE chegarem a uma posição em comum, o que deverá exigir várias semanas.
Oposição
O trabalhista Jeremy Corbyn, líder da oposição, elogiou a decisão de May “de dar aos ingleses a chance de votar por um governo que colocará os interesses da maioria em primeiro lugar”. Em nota, Corbyn afirmou que seu partido oferecerá ao país uma “alternativa efetiva para um governo que falhou em reconstruir a economia”. “Nós aguardamos para mostrar como os trabalhistas irão resistir pelo povo da Inglaterra”, escreveu.
Contrário ao Brexit, Tim Farron, líder dos liberais democratas, disse que o novo pleito é uma chance de mudar a Inglaterra de direção. O partido se opõe à saída da UE e pretende defender negociações que busquem manter o maior contato possível com o bloco.
(Com Estadão Conteúdo)