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Potências ocidentais acusam Rússia de promover ciberataques

Quatro espiões russos são expulsos pela Holanda por tentativa de atacar a sede da organização internacional de controle de armas químicas

Por Da Redação
Atualizado em 4 out 2018, 22h49 - Publicado em 4 out 2018, 21h54
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  • Várias potências ocidentais acusaram nesta quinta-feira (4) a Rússia de orquestrar ciberataques mundiais, incluindo um à sede da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), na Holanda. O país expulsou quatro espiões russos como represália.

    O Departamento de Justiça dos Estados Unidos denunciou sete supostos membros da Inteligência militar russa, o GRU, por uma campanha global de ataques cibernéticos contra setores esportivos, uma agência internacional e uma empresa especializada em energia nuclear.

    Pouco antes, as autoridades holandesas anunciaram que haviam expulsado quatro agentes russos do GRU em abril, depois de tentarem realizar um ataque à Opaq, com sede em Haia. A operação policial na Holanda contou com a ajuda do Reino Unido, que também acusou nesta quinta-feira a Inteligência militar russa por alguns dos principais ciberataques realizados no mundo nos últimos anos.

    Naquele momento, a organização analisava um suposto uso de armas químicas na Síria. Os países ocidentais atribuíram às forças do regime sírio, apoiadas por Moscou, o uso dessa substância. O Reino Unido acusa a Rússia pela autoria do envenenamento, com uma substância neurotóxica, do ex-espião russo Sergei Skripal e de seu filha, na Inglaterra.

    “Com a operação exposta hoje, lançamos nova luz sobre as inaceitáveis atividades cibernéticas do Serviço de Inteligencia militar russo”, afirmaram em comunicado conjunto a primeira-ministra britânica, Theresa May, e seu homólogo holandês, Mark Rutte.

    O chefe dos serviços de Inteligência holandeses, general Onno Eichelsheim, identificou os quatro homens como Oleg Sotnikov, Aleksei Morenets, Aleksei Minin e Yevgeny Serebryakov, e confirmou que eles chegaram em Amsterdã em 10 de abril com passaportes diplomáticos russos.

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    Um dia depois, alugaram um automóvel Citroën e fizeram um reconhecimento ao redor da sede da Opaq, monitorada o tempo todo pela Inteligência holandesa. Dois dias depois, estacionaram em um hotel perto da sede do organismo, de onde tiraram fotos, explicou Eichelsheim.

    Os serviços holandeses neutralizaram os quatro russos e encontraram no veículo equipamentos eletrônicos para interceptar a rede WiFi e os códigos de acesso da Opaq, assim como um bilhete de táxi da sede do GRU, em Moscou, até o aeroporto de Sheremetyevo, na capital russa.

    O laptop de um dos quatro tinha sinais de conexões com redes do Brasil, Suíça e Malásia — neste último caso, em relação à investigação da derrubada do voo MH17 na Ucrânia em 2014.

    A Opaq confirmou em comunicado que, “desde o início de 2018”, constatou “um aumento das atividades relacionadas à cibersegurança”.

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    O primeiro-ministro Rutte disse que tomou a “pouco frequente e poderosa” medida de publicar detalhes de uma operação de Inteligência como meio de  exigir que a Rússia preste contas. “É impossível que (Moscou) negue o que foi revelado”, declarou à emissora de televisão NOS.

    Eleição de 2016

    Os quatro russos supostamente envolvidos no ataque à Opaq apareciam na lista de sete homens acusados pela Justiça americana. John Demers, procurador-geral ajunto dos Estados Unidos para Segurança Nacional, confirmou que, entre os alvos conhecidos do ataque, também estavam a Fifa e a Agência Mundial Antidoping (AMA), assim como a empresa de energia nuclear americana Westinghouse.

    Demers disse que as operações, que datam de 2014, “envolviam acesso sofisticado, persistente e não autorizado a redes de computadores com o objetivo de roubar informações privadas ou confidenciais”.

    O caso coincide com a investigação do procurador especial Robert Mueller sobre a suposta ingerência russa na eleição presidencial dos Estados Unidos. Dois dos homens assinalados nesta quinta-feira foram acusados em julho naquela investigação.

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    Segundo a Inteligência americana, o GRU comandou o ciberataque em 2016 do Partido Democrata para ajudar o republicano Donald Trump a chegar à Presidência dos Estados Unidos.

    Horas antes, Londres havia anunciado pela primeira vez que o seu Centro Nacional de Cibersegurança (NCSC) poderia vincular diretamente ao GRU e, em última instância, o Kremlin, com vários grandes ataques cibernético. Entre eles, ao Partido Democrata dos Estados Unidos e a vazamentos de documentos confidenciais em 2017, depois da invasão da base de dados da Agência Mundial Antidoping (AMA), com sede em Montreal.

    “O governo do Canadá estima, com um alto nível de confiança”, que os ataques foram de responsabilidade do serviço de Inteligência militar russo, confirmou depois a sua Chancelaria em comunicado.

    Nesta resposta coordenada do Ocidente, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, pediu à Rússia que “cesse o seu comportamento imprudente”. A União Europeia condenou a “agressiva” campanha de ciber-espionagem russa.

    A Rússia, que sempre negou qualquer envolvimento nesses casos, reagiu com ironia às novas acusações. “A ‘espionite’ aguda dos ocidentais está ganhando importância”, escreveu o ministério russo das Relações Exteriores em um comunicado, denunciando um ato de “propaganda”.

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