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Por que voto em Paris provocou levante em ilha francesa no Pacífico

Grupos pró-independência da Nova Caledônia causam onda de violência ao acusarem França de tentar engolir o arquipélago a 16 mil km de distância

Por Da Redação
15 Maio 2024, 15h55
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  • Uma onda de protestos se iniciou na segunda-feira 13 na ilha francesa da Nova Caledônia, aninhada no abraço do Oceano Pacífico, em oposição a uma proposta que veio de Paris para expandir o corpo eleitoral da ilha, que não é atualizado desde o final da década de 1990.

    O projeto para alterar a constituição da Nova Caledônia para aumentar os direitos de voto dos residentes franceses que moram no arquipélago do Pacífico Sul gerou revolta entre os grupos pró-independência, que acusam a França de tentar consolidar o seu domínio sobre o arquipélago por meio da mudança na lei. 

    A medida, se aprovada, acrescentará milhares de eleitores aos cadernos eleitorais da Nova Caledônia. Na terça-feira 14, a Assembleia Nacional francesa aprovou a proposta, que agora será encaminhada para o Senado.

    Violência

    Os confrontos armados entre manifestantes, policiais e milícias dominaram a capital Noumea desde o início da semana, deixando pelo menos quatro pessoas mortas e outras centenas feridas. As autoridades impuseram um toque de recolher na capital e o presidente francês, Emmanuel Macron, decretou nesta quarta-feira, 15, estado de emergência na Nova Caledônia, após uma reunião do Conselho de Defesa e Segurança.   

    Os manifestantes incendiaram prédios e carros em Noumea, deixando a capital coberta por nuvens de fumaça. Mais de 140 pessoas foram presas e pelo menos 60 policiais ficaram feridos nos confrontos com grupos nacionalistas locais.

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    “Alguns estão equipados com rifles de caça com chumbo grosso como munição. Outros estavam equipados com rifles maiores, disparando balas”, disse o alto comissário francês na Nova Caledônia, Louis Le Franc.

    O ministro do Interior francês, Gerald Darmanin, afirmou que os militares franceses enviaram “quatro esquadrões adicionais para restaurar a ordem” na ilha. 

    Domínio francês

    A França assumiu o controle da Nova Caledônia em 1853 e impôs um sistema de segregação contra os povos nativos, muitos dos quais vivem hoje abaixo da linha da pobreza. As tensões entre as comunidades indígenas Kanak da ilha, cuja maioria é pró-independência, e o governo francês já duram anos no território semiautônomo, e vem ganhando força desde a década de 1980.

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    Com o aumento da violência naquela época, a França assinou o Acordo de Noumea em 1998, que promete maior autonomia política ao arquipélago, além de ter congelado os seus cadernos eleitorais. Agora, a votação da Assembleia Nacional tem como objetivo “descongelá-los”, permitindo que os franceses que residem na Nova Caledônia há 10 anos ou mais possam votar.

    “Convido os líderes políticos da Nova Caledônia a aproveitarem esta oportunidade e virem a Paris para negociações nas próximas semanas. O importante é a conciliação. O diálogo é importante. Trata-se de encontrar uma solução comum, política e global”, disse o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, no plenário da Assembleia Nacional.

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