Um dos costumes mais marcantes – e estereotipados – dos italianos é o ato de “falar com as mãos”. Na Itália, os gestos não são apenas parte da comunicação, como também viraram uma característica que individualiza o povo e que foi repassada para outras nacionalidades, como a brasileira, graças à imigração italiana entre os anos 1880 e 1930. Em entrevista à agência ANSA, o especialista em linguagem corporal Paulo Sérgio de Camargo afirmou que não há uma explicação científica comprovada para tal fenômeno, mas que uma das teorias é que “os italianos tendem a ser mais extrovertidos, mais comunicativos, e pessoas assim fazem mais gestos, falam mais com as mãos e com o corpo”.
Outra possibilidade seria a de que, durante o Império Romano, aqueles que assistiam aos discursos dos grandes oradores da época passavam a imitá-los. Existe ainda a teoria que diz que a península itálica, por estar em um ponto estratégico no Mar Mediterrâneo, foi palco de invasões durante toda a história, misturando povos e criando sinais para a comunicação. “Com pessoas de origens e línguas tão diversas, a comunicação acontecia por meio de gestos”, disse a diretora da Escola Aliança Cultural Italiana, Rosana Labatte, ressaltando que a tradição acabou perdurando até hoje. Este costume também passou para os brasileiros, que, com a profunda influência italiana, tornou-se um dos povos a utilizar os gestos, enquanto em muitas outras culturas o contato manual é visto como falta de educação.
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“Quem utiliza as mãos são os brasileiros e os italianos, povos mais carismáticos, que demonstram alegria. A origem da nossa linguagem corporal e do nosso modo de falar é italiana”, afirmou o especialista e dono do Instituto de Micro Expressões Faciais e Linguagem Corporal, Marcos Roberto. De acordo com a italiana Angela Angoretto, que vive no Brasil há mais de 20 anos, “o ato de falar com as mãos não é consciente, é involuntário, quase uma característica genética de um povo que deseja se comunicar sem se preocupar com censura social”.
“Dedo do meio” – Alguns gestos que nasceram na Itália se universalizaram pelo mundo, como é o caso do famoso “dedo do meio”, que ficou popular nos Estados Unidos após o jogador de beisebol italiano Charles Radbourn tirar uma foto fazendo o sinal em 1986. O Imperador Calígula, que regeu Roma do ano 37 ao 41 d.C., quando foi assassinado, costumava colocar um anel no dedo médio e fazer seus súditos beijarem-no como forma de humilhação, o que atribuiu o significado pejorativo ao gesto.
Outros gestos típicos italianos são o ato de balançar a mão ao dar tchau a uma pessoa; bater a mão contra o estômago quando está com fome; fechar a mão com o polegar estendido em direção à boca para convidar alguém para beber; e um dos mais conhecidos, que é fechar a mão e movimentá-la com os dedos unidos para demonstrar insatisfação.
(Com ANSA)