Por que o TikTok está sendo banido para alguns funcionários de governos
Decisão ocorre em momento em que políticas de privacidade do aplicativo chinês são questionadas e governos se preocupam ainda mais com segurança cibernética
Poucos dias depois de a Comissão Europeia decidir suspender o uso do aplicativo TikTok em dispositivos corporativos e nos de seus funcionários que usam aparelhos pessoais em serviço, os Estados Unidos deram um prazo de 30 dias para que agências federais americanas façam o mesmo, assim como o Canadá. A decisão desta terça-feira, 28, ocorre em um momento em que as políticas de privacidade do aplicativo chinês são questionadas e governos se preocupam ainda mais com segurança cibernética.
O Congresso, a própria Casa Branca e mais da metade dos estados dos EUA já haviam banido o TikTok por conta do medo da China obter dados privados dos usuários ou divulgar desinformação ou propaganda que favoreça o país. De acordo com a China, essas proibições revelam as inseguranças dos EUA.
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O TikTok questionou o motivo dos banimentos e afirmou que não teve oportunidade de responder aos governos. Segundo o aplicativo, as autoridades estão se isolando de uma plataforma amada por milhões de pessoas.
“A proibição do TikTok em dispositivos federais foi aprovada em dezembro sem qualquer deliberação e, infelizmente, essa abordagem serviu de modelo para outros governos mundiais. Essas proibições são pouco mais que um teatro político”, disse Brooke Oberwetter, porta-voz do TikTok.
O aplicativo é propriedade da ByteDance, uma empresa chinesa que mudou sua sede para Cingapura em 2020. Ele faz sucesso entre o público mais jovem e a estimativa é de que mais de dois terços dos adolescentes americanos usem o TikTok.
Há tempos o aplicativo afirma não ter laços com o governo chinês e os investidores da empresa não são chineses. Ainda assim, a Comissão Federal de Comunicações dos EUA afirma que a ByteDance pode compartilhar dados com Pequim, e que a empresa está sob investigação pelo envio de grandes quantidades de dados de usuários para a China.
Mesmo assim, Giacomo Lev Mannheimer, gerente de relações institucionais da rede social no sul da Europa, negou laços com a China e criticou a decisão, em entrevista à agência Ansa: “Somos uma plataforma global, o TikTok não está presente na China, nossos dados não estão na China, a gestão não está na China. Os investidores não são chineses e sempre declaramos publicamente que o governo chinês nunca nos pediu acesso aos dados e, se pedisse, não daríamos a eles”.
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Em 2020, o então presidente americano Donald Trump tentou banir o TikTok e proibir as negociações com seu proprietário. A tentativa foi barrada pelo Congresso americano e rescindida pelo atual presidente, Joe Biden, que ordenou a realização de um estudo sobre as capacidades do aplicativo. Porém, em dezembro de 2022, a Congresso aprovou a medida “No TikTok on Government Devices Act”, que só permite o uso do TikTok em aparelhos do governo em casos especiais, envolvendo segurança nacional, aplicação da lei e pesquisa.
Um projeto de lei que daria a Biden o poder de banir o TikTok em todo o país está sendo tocado por deputados republicanos da Câmara. A proposta do deputado Mike McCaul tem como objetivo contornar desafios que o governo teria na justiça caso avançasse com as sanções.