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Por que ninguém quer assumir o controle e a reconstrução de Gaza?

Não há plano de reconstrução para o enclave, que pode ficar à deriva quando a guerra acabar

Por Ernesto Neves Atualizado em 23 nov 2023, 13h06 - Publicado em 23 nov 2023, 08h03

Ao longo da semana, a diplomacia do Oriente Médio, dos Estados Unidos e da Europa centrou esforços na interrupção da guerra entre Israel e o Hamas, assim como a libertação de reféns israelenses mantidos em solo palestino.

Mediado pelo Catar, o plano de trégua deve entrar em vigor na sexta 24, implicando na libertação de cinquenta sequestrados e na suspensão por quatro dias das hostilidades.

Chama atenção, porém, a falta de qualquer plano para a reconstrução de Gaza no pós-guerra.

Nem Israel, nem os Estados Unidos, nem os países do mundo árabe e tampouco a Autoridade Palestina, que controla a Cisjordânia, querem assumir a responsabilidade pelo empobrecido enclave.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já declarou que os Estados árabes devem participar de uma força de manutenção de paz assim que o conflito acabar, uma iniciativa que tem o apoio do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

A ideia vem sendo repetida por Brett McGurk, conselheiro de Biden para o Oriente Médio, em todas as reuniões de cúpula para discutir saídas para a crise.

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A ideia, porém, não foi bem recebida por nenhum chefe de Estado árabe.

As autoridades temem que a fúria dos palestinos pós-guerra seja direcionada a eles. Também não desejam policiar cidadãos árabes em favor de Israel.

“Serei muito claro. Não haverá tropas árabes em Gaza. Não queremos ser vistos como invasores ou inimigos”, afirmou o ditador Abdel Fattah Al-Sisi, do Egito, que descartou não só receber refugiados palestinos, como também envolver-se no governo de Gaza.

Postura semelhante foi repetida pelo ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, que descartou qualquer tipo de iniciativa conjunta durante conferência de líderes árabes e muçulmanos realizada em Riad, na Arábia Saudita, em novembro.

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Nem mesmo as endinheiradas monarquias do Golfo Pérsico desejam participar de um futuro governo ou ajudar na reconstrução.

Antes mesmo da guerra, Emirados Árabes e Catar demonstravam irritação quanto ao direcionamento de milhões de dólares a Gaza.

Boa parte do dinheiro ia parar no bolso dos líderes do Hamas, que, segundo investigação conduzida por Israel, possuem 11 bilhões de dólares em investimentos.

Para piorar, a diplomacia internacional sabe que a Autoridade Palestina é fraca para assumir a governança do caótico território e que mesmo antes da guerra já enfrentava forte tensão social.

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Seu líder, Mahmoud Abbas, tem 88 anos e acumula acusações de corrupção.

Ao mesmo tempo em que tentam a todo custo manter distância, os vizinhos de Gaza no Oriente Médio expressam temor de que Israel possa voltar a ocupar Gaza, como o fazia até 2005, quando se retirou dali.

Um problema que se arrasta há décadas

Nos últimos vinte anos, a Faixa de Gaza, onde vivem mais de 2 milhões de palestinos, tem sido encarada pelos vizinhos Israel e Egito, assim como por toda a comunidade internacional, como um problema sem solução.

Desde as eleições de 2006, quando o Hamas derrotou o partido Fatah, de Mahmoud Abbas, nas eleições locais, o território passou a sofrer um bloqueio de Tel Aviv e do Cairo, mantendo os palestinos em quase total isolamento.

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Esse status quo foi mantido até a manhã de 7 de outubro, quando integrantes do Hamas invadiram Israel e mataram 1.200 pessoas, quase todas civis.

Os atos terroristas resultaram em seis semanas de bombardeio aéreo promovido por Israel, numa operação responsável por despejar 11.000 bombas sobre Gaza.

A guerra produziu uma crise humanitária sem precedentes, com a totalidade dos 2,2 milhões de moradores empurrados para a situação de miséria.

Alimentos, água potável e medicamentos sumiram das prateleiras, enquanto pacientes morrem em hospitais que ficaram sem energia elétrica.

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Na metade sul do enclave, espremem-se quase todos os deslocados, agora praticamente em situação de rua.

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan (5º à direita) posa para uma foto de família durante a Cúpula Conjunta Extraordinária da Organização de Cooperação Islâmica e da Liga Árabe no Centro Internacional de Conferências Rei Abdulaziz em Riad, Arábia Saudita, em novembro 11 de outubro de 2023
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan (o sexto da esq. para a dir.) posa para uma foto de família durante a Cúpula Conjunta Extraordinária da Organização de Cooperação Islâmica e da Liga Árabe no Centro Internacional de Conferências Rei Abdulaziz, em Riad, na Arábia Saudita, em 11 de novembro de 2023 (Getty/Getty Images)
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