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Por que a Coreia do Norte cortou todas as comunicações com o Sul

Panfletos de propaganda lançados em balões por asilados na Coreia do Sul formaram o pretexto para Pyongyang pressionar Seul ainda mais

Por Da Redação
Atualizado em 9 jun 2020, 12h30 - Publicado em 9 jun 2020, 12h14

Seguem os conflitos no continente asiático. A Coreia do Norte ameaçou romper um acordo de redução da tensão militar com a Coreia do Sul, caso Seul não impeça que asilados norte-coreanos enviem propaganda anti-regime ao norte. Nesta terça-feira 9, Kim Yo-jong, irmã do ditador Kim Jong-un e uma das principais autoridades do país, cortou as comunicações por telefone entre os países.

O anúncio foi feito pela KCNA, órgão de imprensa estatal, que não poupou ofensas aos asilados, termo que se refere a alguém perseguido em seu país de origem que se abriga em outro. “A escória repugnante cometeu atos hostis contra a Republica Democrática da Coreia do Norte ao se aproveitarem da irresponsabilidade e da conivência das autoridades sul-coreanas (…) Nós chegamos a conclusão de que não há mais necessidades de sentarmos de frente com as autoridades sul-coreanas porque não há mais nada a discutir com eles, uma vez que eles apenas despertaram nossa consternação”.

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A KCNA informou que Kim Yo-jong e o vice-presidente do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores da Coreia, Kim Yong Chol, discutiram um plano para lidar com o “inimigo” e com a “escória” que enviou os panfletos de propaganda. O corte das comunicações por telefone foi o primeiro passo norte-coreano. Segundo a mídia estatal, foram desligados as instalações de comunicação da costa, no paralelo 38 – a fronteira desmilitarizada que é fortemente defendida pelos dois países –, e uma linha direta entre Kim Jong-un e a Presidência sul-coreana.

As ligações entre os escritórios eram realizadas sempre às 9h da manhã e às 17h da tarde. Durante uma coletiva de imprensa, o porta-voz do Ministério da Unificação, Yoh Sangkey, confirmou que esta foi a primeira vez que o norte não atendeu as chamadas desde que as linhas foram estabelecidas em 2018.

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Sangkey afirmou que o envio de propagando por exilados violam a Declaração de Panmunjom, assinada pelos líderes dos dois países e que estabelecia um plano de reintegração econômica para região.

“Folhetos e balões enviados ao norte violam o espírito da Declaração de Panmunjom e devem ser suspensos. Como essas atividades representam uma ameaça à vida e à propriedade de nossos cidadãos que vivem na área de fronteira, o governo está solicitando que isso tenha um fim. Os próprios moradores também expressaram sua oposição a essas atividades”, disse o porta-voz.

O envio dos balões foi reivindicados pelos Defensores de uma Coreia do Norte Livre, uma organização não governamental composta por asilados do norte. O grupo alega que enviou meio milhão de folhetos, 2.000 cédulas de 1 dólar e 1.000 cartões de memória, mas sem especificar seu conteúdo.

Os balões, no entanto, podem ser apenas um pretexto para a Coreia do Norte pressionar ainda mais Seul. Por conta das sanções econômicas dos Estados Unidos e do Conselho de Segurança das Nações Unidas, Pyongyang, sob forte pressão econômica, não consegue importar produtos sul-coreanos ou se integrar economicamente, porque o governo vizinho teme sofrer consequências caso viole as sanções.

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A estratégia norte-coreana é não deixar Seul confortável, e forçar o presidente, Moon Jae-in, a cooperar diretamente com Kim Jong-un, enquanto as relações do norte com os Estados Unidos, que mantêm uma força militar no sul, ficam congeladas. Em maio, no dia seguinte à reaparição de Kim após um período de abstenção, tiros foram disparados na fronteira dos dois países.

As relações entre Pyongyang e Estados Unidos foram flertaram com a guerra, quando o presidente americano, Donald Trump, ameaçou utilizar sua força militar contra Kim em 2017, para os primeiros encontros entre os líderes dos países em busca de um acordo de desnuclearização da península em troca da retirada das sanções.

Washington deseja a completa desnuclearização do norte, enquanto Kim quer primeiro a retirada das sanções para realizar o desarmamento do país. O resultado foi a mal sucedida cúpula de Hanói, em 2019, em que o líder norte-coreano acusou os americanos de “má fé”. Desde então, os testes de mísseis balísticos retornaram e as ameaças aumentaram. Moon Jae-in, tentou se desvincular da imagem americana oferecendo projetos de integração com o regime do norte, mas com a pandemia de Covid-19, que congelou o turismo chinês no país – uma das maiores fontes de renda –, Pyongyang se vê cada vez mais pressionada economicamente.

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No dia 29 de maio, o governo americano anunciou a abertura de processos contra 30 cidadãos chineses e norte-coreanos por lavagem de 2,5 bilhões de dólares para financiar o projeto de mísseis balísticos da Coreia do Norte.

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