Político que pediu morte de brasileiros é destaque em eleição no Paraguai
Paraguayo Cubas, da Cruzada Nacional, tem 20,9% de intenção dos votos, atrás apenas de Santiago Peña

Um ex-senador paraguaio que teve o mandato cassado depois de pedir a morte de 100 mil brasileiros no país agora está em segundo lugar nas intenções de votos da corrida eleitoral à Presidência em Paraguai. Paraguayo Cubas, mais conhecido como Payo Cubas, teve 20,9% na última pesquisa de intenção de voto, publicada nesta quarta-feira, 29, pela consultoria Multitarget.
Cubas é conhecido pela mídia paraguaia por ter uma personalidade forte e provocativa. Em 2019, o então senador pelo partido de esquerda Cruzada Nacional se envolveu em uma polêmica depois de afirmar que, entre os 2 milhões de brasileiros no Paraguai, cerca de 100 mil eram “bandidos” e precisavam ser mortos.
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O caso foi gravado e as filmagens circulam nas redes sociais até hoje. Nas imagens, Cubas é visto abordando policiais que estavam fazendo uma apreensão de madeira cortada ilegalmente na fazenda de um brasileiro na cidade de Minga Porã, no Alto Paraná, próximo à fronteira com o Brasil.
A princípio, ele pergunta se a madeira apreendida estava vindo de uma fazenda de “rapai”, termo pejorativo para se referir aos brasileiros no Paraguai, e quando descobre que a resposta é positiva passa a gritar e fazer ataques contra brasileiros.
“Bandidos brasileiros, bandidos! Invasores! Agora estão desflorestando o país”, disse Cubas no vídeo. “Sabem quantos brasileiros tem no nosso país? Dois milhões. Desses, 100 mil são bandidos e tem de matar. Paredão para esses brasileiros desgraçados que fazem isso.”
https://twitter.com/UNO650AM/status/1199046914504876033
Momentos depois, Cubas também foi flagrado atacando policiais que estavam defendendo os brasileiros. Ele chega a chutar a viatura e dar um tapa em um dos agentes.
https://twitter.com/Universo970py/status/1199047772198121472
Os vídeos foram altamente repercutidos pelas mídias paraguaia e brasileira e geraram revolta também em seus colegas senadores. Três dias depois dos ataques, Cubas teve o mandado de senador cassado com as acusações de tráfico de influência e incitação ao crime, incluindo genocídio de brasileiros. Na votação, 23 dos 45 senadores consideraram Cubas culpado, enquanto outros 3 se abstiveram, um votou contra e 18 se ausentaram.
Apesar da expulsão do Senado em 2019, Cubas agora mira a Presidência do país. Mesmo com a ampla liderança do candidato Santiago Peña, do Partido Colorado, que tem 19 pontos de vantagem, o ex-senador demonstra um crescimento contra o terceiro colocado da disputa, o candidato da Concertación, o líder liberal Efraín Alegre, que tem 18,8% de intenção dos votos.
Segundo a consultoria Multitarget, a intenção de votos em Cubas é “bastante uniforme” em todo o país e ele recebe votos tirados de eleitores do Partido Colorado, do Autêntico Partido Radical Liberal (PLRA), independentes e outros setores políticos. Cubas vai especialmente bem no Leste, onde tem 30,5% das intenções de voto contra 16,8% do candidato da Concertación.
Cubas também tem um crescimento substantivo na região da capital Assunção, onde pode até mesmo conseguir um empate técnico, ficando apenas alguns centésimos abaixo de Alegre.