Policial que matou homem negro a tiros pode pegar pena de morte nos EUA
Garrett Rolfe recebeu 11 acusações após matar Rayshard Brooks, um negro de 27 anos, no estacionamento de um restaurante no último dia 12
Garrett Rolfe, um policial da cidade americana de Atlanta que matou a tiros Rayshard Brooks, um homem negro de 27 anos, no estacionamento de um restaurante no último dia 12, recebeu 11 acusações nesta quarta-feira, 17, informou um promotor do estado da Geórgia, nos Estados Unidos. Se condenado por homicídio culposo, Rolfe pode até ser condenado a pena de morte.
O assassinato de Brooks amplificou os protestos contra o racismo e a brutalidade policial ao redor do país, motivados pela morte de George Floyd, em 25 de maio, em Minneapolis. Derek Chauvin, o policial que asfixiou Floyd ao pressionar seu pescoço com o joelho por mais de oito minutos, foi acusado de assassinato em segundo grau.
Brooks, que era pai de três filhos, “nunca demonstrou nenhum comportamento agressivo” e “não representou uma ameaça imediata de morte ou ferimento físico grave” afirmou o promotor Paul Howard, do condado de Fulton, em entrevista coletiva nesta tarde.
Demitido no dia seguinte ao episódio após o vídeo de vigilância mostrar que os tiros partiram pelas costas e foram seguido de chutes quando Brooks já estava sangrando no chão, Rolfe enfrenta 11 acusações, incluindo agressão com uma arma mortal, violação de seu juramento e homicídio culposo, completou Howard. A última acusação pode ser punida com prisão perpétua ou até pena de morte no estado.
Devin Brosnan, outro policial que participou da ação, foi acusado de agressão agravada e violações de seu juramento. Brosnan, que foi colocado em serviço administrativo, está cooperando com os promotores, disse Howard.
Briga e tiros no estacionamento
Brooks foi morto a tiros no estacionamento de um restaurante da rede Wendy (posteriormente incendiado em protestos), depois de resistir à prisão, lutando com os dois policiais brancos, tirando-lhes uma pistola de choque elétrico e tentando fugir, informou o Gabinete de Investigação da Geórgia (GBI, sigla em inglês) na ocasião.
A polícia chegou ao local após receber um aviso de que um homem estava “dormindo em um veículo estacionado em frente à janela” do restaurante, dificultando a retirada de alimentos de outros clientes, explicou o GBI. Um vídeo da câmera presa ao uniforme de um dos agentes, mostrou que os policiais conversaram por quase meia hora com Brooks antes do início do confronto.
Brooks, diante de policiais no estacionamento, permaneceu calmo, confirmou que havia bebido “uma bebida e meia” e colaborou com os policiais, pedindo que deixassem que estacionasse seu carro lá e caminhasse até a casa de sua irmã. Os agentes confirmaram que ele estava embriagado e Bronsan tentou colocar as algemas nele, mas Brooks se sacudiu e os três acabaram no chão, com a polícia avisando que eles lhe dariam um choque elétrico se ele resistisse.
Outro vídeo mostrou como Brooks, depois de retirar a pistola de choque elétrico e fugir dos agentes, estendeu o braço e aparentemente apontou esse objeto para Rolfe, que o perseguia. O policial então pegou sua arma e atirou em Brooks, que caiu no chão e foi levado para o hospital local, onde morreu.
“Brooks fugia dos policiais e estava a mais cinco metros de distância quando Rolfe atirou nele duas vezes, pelas costas, com uma pistola Glock de 9mm, com uma das balas penetrando seu coração”, contou Howard.
O promotor disse ainda que, depois dos tiros, Rolfe chutou Brooks duas vezes quando ele estava deitado no chão ferido. “Os policiais não prestaram assistência médica imediatamente”, acrescentou Howard, que recomendou que um juiz mantivesse Rolfe preso, sem possibilidade de pagamento de fiança. A morte de Brooks causou uma profunda comoção em Atlanta e levou à demissão da chefe de polícia da cidade, Erika Shields.
(Com EFE e Reuters)