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PF monitora Battisti no litoral paulista

O presidente Michel Temer pode decidir nos próximos dias pela extradição do italiano

Por Da redação
12 out 2017, 15h36

A Polícia Federal (PF) monitora os passos de Cesare Battisti desde que o italiano foi solto após passar dois dias detido na fronteira com a Bolívia, sob acusação de evasão de divisas. No início desta semana, a delegacia de Polícia Civil de Cananeia, no litoral paulista, recebeu um pedido da PF para fotografar a casa onde Battisti vive e confirmar que o italiano estabeleceu residência na cidade. “Isso é a praxe. Como a Polícia Federal não tem representação aqui ela nos pede apoio”, confirmou o delegado Weslley Franklin de Paula ao jornal O Estado de S.Paulo.

O presidente Michel Temer poderá decidir nos próximos dias se revoga ou não o decreto assinado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último dia de seu governo – em 31 de dezembro de 2010 – e extraditar Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos. Na ocasião, Lula não seguiu a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) pela extradição. A defesa do italiano apresentou no fim de setembro um habeas corpus na Corte para evitar uma eventual revogação do decreto presidencial.

Segundo fontes do Planalto, a equipe jurídica do presidente está debruçada sobre um parecer que pode servir como justificativa para a extradição do italiano. Temer tem indicado disposição em revogar a decisão de Lula, mas quer evitar qualquer chance de conflito com o Supremo. A tendência é de que o presidente aguarde a decisão da Corte, cujo relator do caso é o ministro Luiz Fux.

Battisti voltou no domingo à noite para Cananeia, cidade histórica de 12 mil habitantes localizada no litoral sul de São Paulo. Desde que saiu de Embu das Artes, na Grande São Paulo, há mais de um ano, ele divide o tempo entre a cidade litorânea e São José do Rio Preto, no interior, onde moram sua mulher e o filho de quatro anos. Nos documentos enviados à Justiça, o endereço de Battisti é o de São José do Rio Preto.

Na semana passada, ele foi detido com mais dois amigos quando tentava atravessar a fronteira com a Bolívia em Corumbá, em Mato Grosso do Sul, com 6.000 dólares e 1.300 reais. Ele ficou preso sob a acusação de evasão de divisas. Foi solto depois por ordem do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região.

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Em recente entrevista à TV Tribuna, de Santos, o italiano classificou a prisão como uma “armadilha” e disse que, por lei, tem o direito de sair do Brasil quando quiser.

Battisti foi condenado na Itália em 1993 pelo envolvimento no assassinato de quatro pessoas na década de 1970, quando integrava o grupo extremista de esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) e é alvo de pedidos de extradição por parte do governo italiano. Ele nega participação nos crimes.

Para amigos, tanto a prisão em Corumbá quanto o monitoramento da PF são sinais de que Temer pode revogar o decreto assinado por Lula. “Cesare está na típica posição de troféu. É como aqueles filmes de caubói que tinham a figura do caçador de recompensas. É uma obsessão”, disse o historiador italiano Carlos Lungarzo, autor de um livro sobre o caso. Segundo ele, Temer pode ser levado a tomar uma decisão mais política do que jurídica. “Não há um motivo para que ele não possa sair do País. Tudo isso é uma manobra política.”

Rotina

Em Cananeia, Battisti desfruta da rotina tranquila de uma cidade pequena. Mora em uma casa simples, com portão de alumínio e uma bandeira do Corinthians perto da entrada. Há três meses constrói sua própria residência no Bairro Carijo, a alguns quarteirões da área central. Segundo os pedreiros que trabalham na obra, é uma casa de dois quartos em um terreno com 10 metros de frente e 30 de fundos. “Para a Polícia Civil, Battisti é apenas mais um morador da cidade no gozo de seu direito de ir e vir”, afirmou o delegado Franklin de Paula.

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Battisti vive de traduções que faz para editoras francesas e dos direitos autorais dos livros que escreve. Atualmente está terminando um romance de ficção histórica que se passa em Cananeia intitulado Quilômetro Zero.

Apesar do aparente anonimato, quase todos na cidade conhecem a história de Battisti. De vez em quando a presença do “terrorista” – como costuma ser chamado – desencadeia ondas de boataria. A última dava conta de que “os italianos” iriam explodir a casa onde Battisti morava para levá-lo de volta à Itália.

Conforme moradores, o italiano, que vive foragido desde 1981, costuma andar a pé, gosta de conversar sobre assuntos diversos, principalmente futebol, mas evita falar sobre o próprio caso.

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(com Estadão Conteúdo)

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