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PF faz pente-fino em busca de espiões russos que se passam por brasileiros

Boa reputação do passaporte do Brasil é vista como fator importante para o aumento dos casos de espiões ilegais no país

Por Da Redação
11 abr 2023, 11h42
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  • Após uma série de casos de supostos espiões russos agindo no mundo com identidades brasileiras, a Polícia Federal tem conduzido uma operação para investigar se o Brasil está sendo usado de forma sistemática pelo Kremlin para formar agentes ilegais. O pente-fino se debruça sobre o acesso tardio ao CPF brasileiro, já que os espiões obtêm o documento em idade mais avançada, bem como a possível corrupção de agentes cartorários.

    As suspeitas da PF aumentaram depois que três casos de supostos espiões portando identidade brasileira vieram a público. Serguei Cherkasov, detido em abril na Holanda e enviado ao Brasil, ganhou as manchetes após uma reportagem do jornal americano The Washington Post destrinchar a sua “lenda”, ou a história por trás da sua identidade falsa. Ele usava o nome e documentos de Viktor Muller Ferreira.

    Além dele, também veio a público o caso de Mikhail Mikushin, preso em outubro passado na Noruega, que usava o nome de José Assis Giammaria. Já um homem de sobrenome Chmirev, identificado pela Grécia, usava a documentação de Gerhard Daniel Campos Wittich, se passando por um brasileiro com pai austríaco. O nome da mãe utilizado por ele em documento é de uma mulher morta em 2002, cuja família nega que ela tenha tido filhos. Ainda assim, um registro do 4º Registro Civil de Pessoas Naturais do Rio diz que ela deu à luz o brasileiro Gehard Wittich em 1986, aos 19 anos.

    Em todos os três casos, a PF observou a prática de acessar tardiamente o CPF pelos russos como uma pista de irregularidade. No caso de José Giammaria (Mikhail Mikushin), seu CPF foi tirado com 22 anos de idade, com o qual obteve o passaporte brasileiro utilizado para supostas missões em outros países. Antes de ser preso na Noruega, passou por universidades do Canadá.

    Mapeando a emissão tardia dos documentos, a PF pretende apurar a existência de espiões no Brasil.

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    Segundo a investigação do caso de Cherkasov, conduzida pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, pelo menos uma agente cartorária entrou na mira da PF. Ela teria assinado muitos dos documentos fraudulentos do espião em troca de presentes, incluindo um colar Swarovski, e visitou o russo na superintendência do órgão em São Paulo. No Brasil, Cherkasov foi condenado à prisão por uso de documentos falsos.

    A mulher, identificada como Rafaella Aguiar, disse em agosto de 2022 ser amiga do russo. Ela teria um relacionamento amoroso com ele, e a PF suspeita do uso da relação para fabricar registros brasileiros.

    Informações obtidas no celular e computador encontrados com o russo no momento da prisão, em território brasileiro, confirmam a suspeita das fraudes documentais e o pagamento por meio do colar pela ajuda da funcionária, à época escrevente em um tabelionato em São Paulo.

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    O inquérito sobre corrupção está em andamento na PF. O ministro do Supremo Tribuna Federal (STF) Edson Fachin afirmou que só vai autorizar a extradição de Cherkasov, solicitada por Moscou, após o fim da apuração.

    Segundo especialistas, a facilidade em conseguir uma certidão de nascimento no Brasil – e, com ela em mãos, documentos como RG, CPF e passaporte –, bem como a boa receptividade do passaporte brasileiro no mundo são motivos possíveis da escolha do país como destino de formação de agentes. Além disso, por ser um país de imigrantes, os brasileiros são conhecidos por ter fenótipos diversos, o que torna ocultar identidades mais fácil.

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