O embaixador do México no Peru, Pablo Monrory, foi declarado persona non grata pelo governo de Quito nesta quarta-feira, 21, que deu-lhe 72 horas para deixar o país. O descontentamento do governo peruano com o México tem crescido nas últimas semanas, desde que o chanceler mexicano anunciou que a embaixada havia dado asilo à família de Pedro Castillo, o presidente que foi deposto e preso após uma tentativa fracassada de autogolpe para evitar um impeachment.
Andrés Manuel López Obrador, presidente do México, defendeu o embaixador, que negociava medidas para tirar a família Castillo do Peru.
“Temos um bom embaixador”, afirmou. O presidente mexicano também insistiu que “sempre defenderemos o direito de asilo, faz parte de nossa política externa.”
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Apenas dois dias após a tentativa de golpe, o embaixador mexicano foi convocado pela nova presidente do Peru, Dina Boluarte, para repreender os pronunciamentos do governo mexicano sobre o país.
“As manifestações das autoridades mexicanas constituem uma ingerência nos assuntos internos do Peru e não condizem com os fatos ocorridos nos últimos dias”, declarou.
Além disso, em 15 de dezembro, o Peru convocou para consultas os embaixadores das quatro nações aliadas Castillo – Colômbia, Argentina, Bolívia e México.
“A situação no Peru é preocupante”, segundo essas nações. Elas apoiam o presidente Castillo e pediram respeito pela posse que o proclamou presidente. Além disso, acreditam que o professor e ex-sindicalista “foi vítima desde o dia de sua eleição de assédio antidemocrático, em violação do artigo 23 da Convenção Americana de Direitos Humanos”.
O presidente do México atribuiu a crise política peruana “aos interesses das elites econômicas e políticas que sempre mantiveram com o presidente Castillo um ambiente de confronto e hostilidade”. López Obrador ressaltou que sempre esteve ao lado do ex-líder e as portas da sua embaixada estavam abertas para ele e sua família.
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A chanceler peruana, Ana Cecilia Gervasi, afirmou que “as repetidas manifestações das mais altas autoridades” do México sobre a situação política no Peru “violam o princípio da não intervenção”, o que seria motivo suficiente para ordenar a saída do embaixador.
Mas o governo peruano concedeu ajuda à esposa, Lilia Paredes de Castillo e seus dois filhos, conforme exigido pela Convenção de Caracas, depois que o México concedeu asilo à família em sua embaixada. No entanto, lembraram que Paredes está sendo investigada pelo Ministério Público peruano por supostos crimes de corrupção e por fazer parte de uma organização criminosa com o marido.
Gervasi garantiu que vai pedir a extradição de Paredes se as autoridades judiciais o solicitarem.