O papa Francisco aprovou, nesta quarta-feira, 26, um conjunto de mudanças que permitirão, pela primeira vez, que mulheres e leigos tenham voto em uma influente reunião de bispos, que deve começar em outubro deste ano. O pontífice afirmou várias vezes que a assembleia será um órgão deliberativo central para ajudá-lo a determinar o futuro da Igreja Católica.
A reunião se concentrará na inclusão de fiéis e espera-se que aborde questões importantes, como o papel das mulheres na igreja e a questão dos católicos LGBTQIA+.
Agora, o evento incluirá mais 70 membros votantes que não são bispos, metade dos quais o papa deseja que sejam mulheres. Além da representação feminina, a mudança dá um papel maior para os fiéis comuns em suas igrejas, em vez de deixar todo o poder de tomada de decisão no mãos da hierarquia de padres, bispos e cardeais.
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As novas normas do Vaticano também estipulam que 10 representantes masculinos de várias ordens religiosas católicas votantes no Sínodo de bispos seriam substituídos por cinco clérigos e cinco freiras com direito a voto.
Francisco ainda é contra a ordenação de mulheres como padres, e cauteloso em permitir que sejam diaconisas. Mas desde que assumiu o papado, há uma década, deixou claro que estava aberto a mudanças. A contribuição das mulheres não deve se limitar “às coroinhas ou ao presidente de uma instituição de caridade”, disse em uma coletiva em 2013, a bordo do avião papal.
A mudança nas regras, embora aparentemente procedimental, representa uma ação concreta em direção à democratização da igreja, um princípio central do papado de Francisco. O pontífice acredita que o abuso de poder em uma estrutura desigual é causa de muitos dos problemas da Igreja.
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O anúncio desta quarta-feira é o clímax de uma sequência de decisões anteriores sobre o lugar das mulheres na Igreja. Em 2022, o Papa adicionou uma cota feminina ao comitê que o aconselha na escolha de bispos e, um ano antes, alterou as leis da igreja para que as mulheres pudessem ler a Bíblia na missa, servir no altar e distribuir a comunhão – práticas já comuns em muitos países.
Mas alguns católicos queriam mais e, por dois anos, a igreja se consultou com membros leigos da Igreja em todo o mundo sobre suas demandas. A esperança agora é que as reuniões e os votos em assembleias dos bispos possam produzir mudanças reais em campos como 1) permitir que alguns homens casados em áreas remotas se tornem padres; e 2) permitir que católicos divorciados que se casaram novamente recebam a comunhão.
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Críticos conservadores, contudo, argumentam que a pressa do Papa em abrir a igreja pode diluir as tradições da Bíblia, expondo a instituição a ideologias seculares.
“Está claro que o Papa Francisco” e os cardeais que lideram o sínodo “estão tentando, de todas as maneiras, trazer para esta instituição todas aquelas pessoas que têm interesse em perturbar a Igreja por suas próprias ambições pessoais”, disse um post no site católico conservador Silere non possum. “Não encontrando mais muitos bispos dispostos a atropelar os ensinamentos de Cristo, eles agora estão se voltando para leigos ambiciosos”.
O cardeal Mario Grech, um alto funcionário do Sínodo, reiterou que “o Sínodo continuará sendo um Sínodo dos Bispos”.