A câmara baixa do Parlamento da Espanha iniciou nesta quinta-feira (31) um debate de dois dias sobre uma moção de censura que pode encerrar o governo de quase oito anos do primeiro-ministro Mariano Rajoy e substituí-lo pelo líder da oposição socialista.
Na semana passada, Rajoy se recusou a renunciar depois que seu Partido Popular (PP) foi multado por se beneficiar de um grande esquema de corrupção. A Justiça espanhola questiona a alegação de que Rajoy e outros líderes da sigla não sabiam da existência de atividades contábeis ilegais no PP.
O líder socialista Pedro Sánchez, que lidera o pedido de moção de censura contra Rajoy, se tornará automaticamente o novo primeiro-ministro do país se conquistar, amanhã, pelo menos 176 de 350 votos na câmara.
Durante a sessão, Sánchez pediu que Rajoy renuncie “aqui e agora”. “Renuncie agora e tudo vai acabar. O seu tempo acabou. Renuncie e a moção de censura será encerrada aqui e agora”, disse.
Sánchez advertiu ao chefe de governo que a renúncia é a “única resposta” que pode ser admitida pela sentença do caso Gürtel, na qual a Audiência Nacional – uma instância judicial com jurisdição sobre todo o território espanhol – condenou na semana passada vários ex-integrantes do PP, empresários e inclusive o próprio partido, que obteve benefícios dentro do esquema de corrupção.
Sánchez, do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), ressaltou que a moção de censura nasce da “incapacidade” de Rajoy de assumir suas responsabilidades políticas após a sentença “devastadora” de Gürtel, que, em outras democracias, levaria à renúncia do governo.
Se ganhar a moção de censura amanhã, Pedro Sánchez se comprometeu a presidir um governo que seria “socialista, igualitário, europeísta, fiador da estabilidade orçamentária e econômica, e cumpridor de seus deveres europeus”.
Em sua defesa, Rajoy criticou os socialistas (PSOE) e disse que eles têm uma visão “interesseira e manipulada” da sentença que condenou o PP. “O PP não é um partido corrupto, embora os senhores não desgostem”, afirmou o chefe do Executivo em seu discurso no Congresso.
A legislatura está em sua metade e acabará em junho de 2020. Para conseguir a Chefia do Executivo, Sánchez deve obter o apoio de vários grupos, já que seu partido tem apenas 84 deputados em uma Câmara de 350.
(Com EFE e Estadão Conteúdo)