O Parlamento da Catalunha se reuniu pela primeira vez desde a sua dissolução e elegeu seu novo presidente nesta quarta-feira. O independentista Roger Torrent, da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), foi escolhido pela maioria separatista da Casa para ocupar o cargo.
Torrent obteve o apoio dos partidos Juntos pela Catalunha (JxCat), ERC e Candidatura de Unidade Popular (CUP), todos independentistas, e superou a candidatura de José María Espejo-Saavedra, do partido liberal Ciudadanos.
O novo presidente obteve 65 votos a seu favor, contra 56 de Espejo-Saavedra, enquanto os outros cargos da Mesa do Parlamento – o órgão administrativo e regulatório interno – foram divididos entre outros grupos, mas com controle dos partidos independentistas.
Muitas cadeiras do Parlamento ainda estavam vazias nesta primeira sessão, já que alguns deputados estão detidos ou refugiados em Bruxelas, acusados pela Justiça espanhola de rebelião e insurreição, entre outros crimes vinculados ao processo separatista.
O ex-presidente regional Carles Puigdemont era cotado como a principal opção para presidente do Parlamento. Seus apoiadores sugeriram que ele poderia governar a rica região através de videoconferência a partir do exílio autoimposto em Bruxelas, para onde fugiu em outubro para evitar ser preso.
Na terça-feira, os partidos independentistas Junts per Catalunha (JxCat) e Esquerda Republicana (ERC) haviam inclusive anunciado um acordo para que o político fosse empossado mais uma vez como presidente regional.
Contudo, os especialistas jurídicos do Parlamento catalão decidiram que qualquer presidente deve estar fisicamente presente no Parlamento, por isso impediram que Puigdemont recebesse votos na eleição desta quarta. O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, também afirmou que a possibilidade de o ex-jornalista governar por Skype é absurda e que apresentaria recurso no Tribunal Constitucional contra qualquer tentativa de empossá-lo.
Puigdemont e os outros parlamentares separatistas presos ou exilados também não puderam participar da votação, já que não estavam presentes fisicamente. O próprio ex-presidente anunciou, por meio de uma videochamada, que estava renunciando ao seu direito de votar.
Ainda assim, os partidos pró-independência continuaram com maior força no Parlamento e puderam eleger seu candidato.
Até 31 de janeiro, o Parlamento deverá decidir se permitirá a posse de Puigdemont e dos outros deputados ausentes a distância, por videoconferência, ou por meio de um discurso lido por um representante.
(Com EFE, Reuters e Estadão Conteúdo)