Paris prepara retirada de franceses e europeus do Níger após golpe militar
Ditaduras vizinhas da África Ocidental acusam França e outras nações de planejarem uma intervenção armada na nação
![French Foreign and European Affairs Minister's cabinet director Luis Vassy (C), next to 'Centre de crise et de soutien' (CDCS) deputy director Fanny Demassieux (L) and French Foreign and European Affairs Minister's cabinet deputy director Celine Place (R), delivers a speech during a meeting on the ongoing situation in Niger following the coup, at the French Foreign and European Affairs Ministry in Paris on August 1, 2023. France prepared to evacuate its citizens from Niger on August 1, 2023, as tensions escalated following last week's coup that toppled one of the last remaining pro-Western leaders in Africa's impoverished and jihadist-plagued Sahel region. (Photo by STEFANO RELLANDINI / AFP)](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2023/08/000_33QG3MH.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
O Ministério das Relações Exteriores da França disse nesta terça-feira, 1, que vai começar a remover seus cidadãos e outros europeus do Níger, uma semana depois que um golpe militar mergulhou a nação da África Ocidental em uma crise política que polarizou os países vizinhos da região.
A pasta se preocupa especialmente com a “situação em Niamey”, onde apoiadores do golpe se reuniram em frente à embaixada francesa na capital nigeriana para protestar no final de semana contra a influência pós-colonial do país. O Níger tornou-se independente da França em 1960.
Paris planeja uma rota aérea para a retirada dos seus cidadãos de Niamey, em coordenação com as forças nigerinas, de acordo a emissora americana CNN, que obteve uma mensagem da embaixada francesa aos cidadãos franceses no Níger. Segundo o documento, a operação deve ocorrer “muito em breve” e será concluída “rapidamente”, para aproveitar a relativa calma em Niamey.
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Ao mesmo tempo, Burkina Faso e Mali acusam a Europa de planejar uma intervenção militar. Em comunicado conjunto, as nações africanas disseram que qualquer operação do tipo contra o Níger seria considerada guerra contra eles todos.
“Toda intervenção militar contra o Níger será considerada equivalente a uma declaração de guerra contra Burkina Faso e Mali”, disseram os dois países na segunda-feira 31.
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A dramática destituição do presidente Mohamed Bazoum na última quarta-feira 26 provocou reações divididas nos países da região do Sahel, onde a ameaça de militantes extremistas nos últimos anos desestabilizou governos locais. No domingo 30, a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) emitiu um alerta severo contra a junta militar do Níger e deu-lhe uma semana para libertar e restituir o governo de Bazoum, alertando que eles não descartam o “uso da força” se as demandas não forem atendidas.
Líderes da África Ocidental impuseram sanções como proibição de viagens e o congelamento de bens dos militares envolvidos na tentativa de golpe, bem como de seus familiares e dos civis que aceitarem participar de qualquer instituição ou governo estabelecido pelos militares. A França e a União Europeia também cortaram a ajuda financeira ao Níger após o golpe.