O Papa Francisco descreveu como “infundadas” e “ofensivas” as acusações de que o ex-pontífice João Paulo II estaria envolvido no desaparecimento de uma adolescente no Vaticano, há 40 anos. “Dirijo um pensamento agradecido à memória de São João Paulo II, objeto de inferências ofensivas e infundadas nestes últimos dias”, disse ele após a missa deste domingo, 16.
A acusação em questão se refere ao desaparecimento de Emanuela Orlandi, filha de um porteiro do Vaticano que sumiu aos 15 anos de idade, no dia 22 de junho de 1983, depois de uma aula de música. O desaparecimento é, até hoje, um dos grandes mistérios da Itália, que abriu novas investigações sobre o caso no início do ano.
Na semana passada, a história ganhou um novo capítulo quando o nome de João Paulo II foi apontado pelo irmão da vítima como suposto suspeito de envolvimento no caso.
Neste Domingo da Divina Misericórdia, certo de interpretar os sentimentos dos fiéis de todo o mundo, dirijo um pensamento de gratidão à memória de São João Paulo II, nestes dias, objeto de ilações ofensivas e infundadas.
— Papa Francisco (@Pontifex_pt) April 16, 2023
Depois de conversar com promotores, Pietro Orlandi foi até um programa de televisão e reproduziu o áudio de um suposto mafioso apontado por ele como integrante de uma organização que estaria envolvida no desaparecimento de Emanuela.
Na gravação, o homem diz que, décadas atrás, meninas eram levadas ao Vaticano para serem molestadas com o conhecimento do então Papa João Paulo II. “Me disseram que Wojtyla (sobrenome de João Paulo II) costumava sair à noite com dois monsenhores poloneses, e certamente não era para abençoar casas”, acusou Pietro.
As autoridades do Vaticano, porém, afirmam que não há evidências ou testemunhas que apoiem as acusações da família. Ao reabrir as investigações, em janeiro, Alessandro Diddi, promotor do Vaticano, disse em uma declaração pública que o Papa Francisco tem um forte desejo “de que a verdade surja sem reservas”.