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Papa acolhe bispo auxiliar de Manágua ameaçado de morte

O religioso Silvio Báez é perseguido por apoiar manifestantes que pedem a renúncia do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega

Por Da Redação
Atualizado em 10 abr 2019, 20h10 - Publicado em 10 abr 2019, 20h06

O papa Francisco determinou a ida a Roma do bispo auxiliar de Manágua, Silvio Báez, ameaçado de morte por apoiar as manifestações contrárias ao governo do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega. A decisão foi divulgada nesta quarta-feira, 10, pelo arcebispo de Manágua, Leopoldo Brenes.

“(O papa) informou que ele poderia ficar por um tempo em Roma”, disse Brenes, que na semana passada se reuniu com pontífice no Vaticano.

Báez, de 60 anos e 34 de sacerdócio, afirmou lamentar sua transferência, mas disse que a aceita com “obediência amorosa”.

Silvio Jose Baez Ortega
O bispo auxiliar da Arquidiocese de Manágua, Silvio Baez: drones e alerta da embaixada americana – 10/04/2019 (Inti Ocon/AFP)

“Eu não pedi para sair da Nicarágua, quero deixar claro que meu coração estará sempre aqui na minha terra, no meio do meu povo”, declarou Báez, que com a voz embargada acrescentou que partirá “com a consciência tranquila de ter cumprido a missão”.

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“Não sei o que me espera, o papa só me pediu para ir”, acrescentou.

O religioso revelou que em julho passado, em meio aos protestos em favor da renúncia de Ortega, a embaixada dos Estados Unidos em Manágua o informou que tinha “plena certeza de que havia um plano” para assassiná-lo. “Inclusive me disseram onde poderia ser, como poderiam estar vestidos os autores da ação, e me pediram que eu tomasse precauções”, acrescentou.

O bispo-auxiliar disse que informou o pontífice que sua vida estava ameaçada, sem que isso o impedisse de fazer “críticas construtivas” sobre a situação do país. Acrescentou que, neste período de crise política na Nicarágua, tem constatado a presença contínua de drones sobre sua residência e recebe ameaças por telefone, apesar de ter mudado de número “quatro vezes em menos de um ano”.

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Baéz é bispo-auxiliar de Manágua desde 2009 e condenou em muitas oportunidades a repressão do governo de Ortega contra os manifestantes. Desde abril do ano passado, cerca de 325 mortos foram mortas nesses protestos, que começaram contra reforma do sistema previdenciário. A violência dos agentes de segurança levou os organizadores das manifestações a exigir a renúncia do presidente.

Ao lado de outros quatro religiosos católicos, Báez foi agredido por paramilitares e simpatizantes do governo que, em julho passado, invadiram a Basílica de San Sebastián na cidade de Dirimaba, para capturar manifestantes ali abrigados. Ortega acusa os bispos católicos de “golpistas” por apoiar os manifestantes feridos nas igrejas.

A Igreja Católica tentou, em 2018, negociar com o governo um acordo, que previa a antecipação das eleições presidenciais. Ortega o recusou.

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