Papa aceita renúncia de cardeal americano acusado de abusos
Theodore McCarrick ocupou posições de destaque na Igreja Católica dos Estados Unidos até ser denunciado por meninos e seminaristas
O papa Francisco aceitou neste sábado a renúncia do cardeal americano Theodore McCarrick como membro do Colégio de Cardeais. Acusado de ter cometido abusos sexuais, o cardeal foi orientado a manter “uma vida de orações e penitência” em uma casa a ser designada pelo pontífice até que o julgamento da igreja seja realizado, informou o Vaticano.
Francisco reagiu rapidamente após receber a carta de renúncia de McCarrick na tarde de sexta-feira, diante de uma série de acusações contra o cardeal de 88 anos de idade. Segundo relatos de vítimas, ele teria abusado sexualmente de meninos e seminaristas durante a sua carreira clerical. As revelações testam as recentes declarações do pontífice sobre combate ao que ele chamou de “cultura do acobertamento” de abusos na hierarquia da Igreja Católica.
McCarrick está afastado de suas funções desde 20 de junho, enquanto a polícia investiga alegações de que ele teria acariciado um adolescente há 40 anos, em Nova York. A vítima, que tinha 11 anos na época dos abusos, afirma que o relacionamento abusivo continuou por mais duas décadas. McCarrick tem negado as acusações.
Em sua longa carreira, o sacerdote ocupou diversas posições na Igreja Católica dos EUA. Antes de chegar a Washington, capital do país e cidade onde o embaixador papal para os EUA está baseado, McCarrick foi auxiliar do bispo da cidade de Nova York, bispo em Metuchen, Nova Jersey e arcebispo de Newark, Nova Jersey.
Embora a maior parte dos escândalos de pedofilia dentro do clero envolva padres, as denúncias também têm atingido bispos e cardeais, incluindo o cardeal George Pell, da Austrália, um dos conselheiros mais próximos do papa Francisco e que agora é alvo de um processo criminal em seu país.
No caso do cardeal escocês Keith O’Brien, acusado por ex-seminaristas em 2013 de má conduta sexual, Francisco só aceitou a renúncia após a promotoria do Vaticano ter concluído as investigações, dois anos após o surgimento das primeiras denúncias.
(Com Estadão Conteúdo)