Palestinos e israelenses reagem ao anúncio de Trump
Reconhecimento da cidade sagrada como capital de Israel provocou protestos e dúvidas sobre o processo de paz
Por Da redação
Atualizado em 4 jun 2024, 17h29 - Publicado em 7 dez 2017, 14h06
Donald Trump reconheceu “oficialmente Jerusalém como a capital de Israel” nesta quarta-feira. O presidente dos Estados Unidos reivindicou “uma nova abordagem” sobre o conflito entre israelenses e palestinos, prometendo que fará todo o possível para um acordo de paz.
“Israel é uma nação soberana com o direito de determinar sua própria capital”, afirmou Trump, em um discurso televisionado direto da Casa Branca. “Presidentes anteriores fizeram essa promessa e falharam em cumprir. Hoje, eu estou cumprindo”, disse.
O presidente americano garantiu que permanece comprometido com as negociações entre os dois lados. “Os Estados Unidos continuam profundamente empenhados em ajudar a facilitar um acordo de paz aceitável para ambos os lados. Pretendo fazer tudo o que estiver ao meu alcance para ajudar a forjar tal acordo”, disse.
Além disso, Trump ordenou o início dos preparativos para a transferência da embaixada americana em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém. A transferência da representação diplomática foi uma das principais promessas de campanha do presidente. De acordo com oficiais americanos, a transferência da embaixada deve levar até três anos.
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O estatuto de Jerusalém é um tema-chave no conflito israelense-palestino, com ambas as partes reivindicando-a como sua capital. A posição da maior parte da comunidade internacional é de que o status da cidade deve ser decidido em negociações de paz e, por isso, o reconhecimento americano a favor de Israel é tão controverso.
Reação Palestina
Como esperado, o anúncio de Trump gerou revolta e indignação entre palestinos, além de atrair a condenação de líderes de países árabes e islâmicos. Alguns dos principais aliados dos Estados Unidos na Europa, entre eles Reino Unido, Alemanha e França também criticaram a posição americana como não condutiva à paz. O Conselho de Segurança da ONU se reunira nesta sexta-feira para discutir o assunto, após oito dos quinze membros do órgão solicitarem o encontro.
Ismail Haniyeh, líder do Hamas, grupo islâmico que governa a Faixa de Gaza e que é considerado uma organização terrorista por diversos países, conclamou os palestinos a realizarem “um dia de fúria” nesta sexta-feira, dia mais importante da semana islâmica. Haniyeh também convocou todas as facções palestinas a iniciarem uma nova intifada contra Israel, além de pedir a todos países muçulmanos que se unam contra a “declaração de guerra dos Estados Unidos”.
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No Líbano, refugiados palestinos também se manifestaram: ainda na quarta-feira, no campo de refugiados de Baas, na região de Tiro, cerca de 2.000 estudantes se mobilizaram para protestar contra a decisão dos Estados Unidos.
“O governo americano tomou mais uma vez uma decisão a favor do usurpador, mas isso não vai mudar a história e a identidade de Jerusalém, que é a capital do Estado palestino”, disse o palestino Abdul Mayid Awad em discurso aos demais manifestantes. “Trata-se de uma agressão direta contra a nação e o povo palestinos, que são capazes de fazer fracassar as decisões injustas. A decisão do governo Trump é contrária às resoluções da comunidade internacional e não poderá mudar a história”, acrescentou.
Os refugiados palestinos se mobilizaram também no acampamento de Bedawi, onde se reuniram na frente do escritório do diretor da Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA). Outras manifestações similares aconteceram em Beirute e no campo de refugiados palestinos de Ein el Hilweh, o maior do Líbano e localizado nos arredores da cidade de Sidon.
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A divisão de Israel
O reconhecimento de uma nação como os Estados Unidos eleva a posição israelense no conflito e, a longo prazo, poderia auxiliar na consolidação da soberania de Israel sobre a cidade.
Ainda assim, a sociedade israelense parece estar dividida sobre a questão. Para a profissional de comunicação Tamara Stern, que vive em Jerusalém há dois anos e meio, muitos cidadãos têm medo de que a decisão possa provocar protestos, aumentar ainda mais a violência e prejudicar o processo de paz no país e na cidade. A jovem discorda da posição, pois acredita que uma interferência internacional pode ser necessária para destravar as negociações. “Não vejo como a situação poderia piorar. Precisamos de uma mudança radical que balance a região para que as coisas comecem a mudar”, diz.
(com EFE e AFP)
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