Pai de jovem morto em protesto na Venezuela foi chefe de Maduro
David José Vallenilla fez um apelo por esclarecimentos ao presidente venezuelano, a quem chamou de amigo
David José Vallenilla, pai de David Vallenilla, morto pela Guarda Nacional Bolivariana na tarde da quinta-feira, fez um apelo para que Nicolás Maduro esclareça o que aconteceu com seu filho. Vallenilla contou que foi chefe do atual presidente da Venezuela quando os dois trabalharam juntos no Metro de Caracas e que Maduro chegou a conhecer seu filho, informou o jornal local El Nacional.
“Nicolás, claro que houve uma agressão direta contra David, que você conheceu pequeno”, disse ele.
O jovem técnico de enfermagem, de 22 anos, foi atingido por três tiros no peito enquanto protestava contra o governo de Maduro, em Chacao, município de Caracas, e chegou a ser levado para o hospital, mas morreu na mesa de cirurgia. O momento em que Vallenilla é atingido ao se aproximar da Base Aérea de La Carlota foi registrado ao vivo pelo canal VivoPlay e rapidamente se espalhou pelas redes sociais.
“Eu não quero pedir justiça, porque essa palavra é usada demais. Mas eu quero que as coisas não permaneçam como estão, Nicolás. [Meu filho] não era malandro, era um estudante de pós-graduação (…) Nicolás, por favor. Sou Davi José, seu chefe. Amigo – eu digo amigo, porque respeito você – você era uma pessoa muito focada. Está em suas mãos esclarecer o que aconteceu”, disse Vallenilla para a imprensa presente no necrotério Bello Monte, onde o corpo de seu filho estava.
A dura repressão de Maduro às manifestações contra seu governo deixou 76 mortos desde o começo de abril. Há quase três meses, a população protesta diariamente contra o presidente.