‘Paciência está se esgotando’, dizem EUA sobre demora da Venezuela para divulgar atas
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, afirmou que as eleições presidenciais não foram "democráticas"
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, criticou nesta quarta-feira, 31, a demora do governo venezuelano de publicar os resultados eleitorais para por um fim nas dúvidas sobre a vitória do presidente Nicolás Maduro.
Os comentários de Kirby representam a primeira grande escalada da posição americana desde a votação de domingo.
“Nossa paciência, e a da comunidade internacional, está se esgotando, se esgotando. Estou esperando a [autoridade] eleitoral venezuelana confessar e divulgar os dados completos e detalhados sobre esta eleição para que todos possam ver os resultados”, disse Kirby.
O porta-voz também citou “observadores independentes” para afirmar que as eleições presidenciais não foram “democráticas” e não atenderam os padrões internacionais. De acordo com ele, a “falha da autoridade eleitoral em anunciar resultados desagregados por seção eleitoral constitui uma violação grave dos princípios eleitorais”.
Além disso, Kirby destacou uma reunião especial do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA), convocada pela Argentina, Canadá, Chile, Costa Rica, Equador, República Dominicana, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e EUA que vai abordar a eleição.
“Não vou me adiantar a essa reunião, é claro; gostaria apenas de reiterar que os Estados Unidos se juntaram a outras democracias na região e, na verdade, ao redor do mundo, expressando sérias preocupações sobre essas subversões das normas democráticas”, disse.
Desde domingo, quando o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou a vitória de Maduro com 51% dos votos sem publicar os resultados por distritos gerados pelas máquinas, a oposição tem contestado os resultados, afirmando que o opositor do mandatário venezuelano, Edmundo González, teria vencido as eleições.
Alguns países como Cuba, Rússia, China e Irã reconheceram rapidamente a decisão do CNE. No entanto, grande parte da comunidade internacional fez duras críticas ao processo eleitoral da Venezuela. O mandatário da Colômbia, Gustavo Petro, pediu nesta quarta-feira que o governo da Venezuela permitisse “um escrutínio transparente com contagem de votos, atas e supervisão por todas as forças políticas do seu país e supervisão internacional profissional”. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o líder americano, Joe Biden, também reiteraram a necessidade de publicação das atas eleitorais do pleito.