Orbán condena mandado de prisão contra Netanyahu e o convida à Hungria
Líder de uma espécie de 'clube dos autocratas', premiê húngaro afirmou que tribunal internacional de Haia 'errou' ao acusar israelense de crimes de guerra
O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, nesta sexta-feira, 22, convidou Benjamin Netanyahu para uma visita ao seu país e afirmou que não cumpriria o mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o primeiro-ministro israelense. Segundo ele, a corte com sede em Haia, na Holanda, “errou” ao acusar Netanyahu de crimes de guerra relacionados à ofensiva contra o grupo terrorista palestino Hamas na Faixa de Gaza.
Na quinta-feira 21, o TPI, um tribunal de última instância ligado às Nações Unidas, emitiu mandados de prisão ara Netanyahu e seu ex-ministro de Defesa Yoav Gallant, bem como um líder do Hamas, Ibrahim Al-Masri (que Israel diz já ter matado), por supostos crimes de guerra e crimes contra a humanidade na guerra em Gaza.
Orbán, que hoje ocupa a presidência rotativa da União Europeia, disse à rádio estatal que o mandado de prisão do TPI estava “errado” e disse que o líder israelense seria capaz de conduzir negociações na Hungria “com segurança adequada”.
“Hoje convidarei o primeiro-ministro de Israel, Sr. Netanyahu, para uma visita à Hungria e nesse convite garantirei a ele que, se ele vier, a decisão do TPI não terá efeito na Hungria e não seguiremos seu conteúdo”, declarou Orbán.
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Desde que Orbán e seu partido ultranacionalista, o Fidesz, chegaram ao poder em 2010, ele e Netanyahu construíram relações políticas próximas. Netanyahu visitou Budapeste em 2017. O líder húngaro é conhecido por manter bom relacionamento com líderes polêmicos, de Vladimir Putin, da Rússia, a Donald Trump, dos Estados Unidos, e o ex-presidente Jair Bolsonaro, tendo se tornado nos últimos anos uma espécie de representante de um “clube dos autocratas” de extrema direita.
Reação internacional
Líderes israelenses e a Casa Branca condenaram em termos fortes a decisão do TPI. Na UE, Hungria e República Checa são os mais ferrenhos apoiadores de Israel
O Ministério das Relações Exteriores checo disse que Praga respeitaria suas obrigações legais internacionais. No entanto, o primeiro-ministro do país, Petr Fiala chamou a decisão do TPI de “infeliz”, dizendo no X na quinta-feira: “(A medida) mina a autoridade do tribunal em outros casos quando equipara os líderes eleitos de um estado democrático aos chefes de uma organização terrorista islâmica.”
Netanyahu agradeceu a Orbán por sua demonstração de “clareza moral” após o convite para uma visita. “Diante da fraqueza vergonhosa daqueles que apoiaram a decisão ultrajante contra o direito do Estado de Israel de se defender, a Hungria está ao lado da justiça e da verdade”, disse ele.
Enquanto isso, o chefe de política externa da UE, Josep Borrell, disse que os mandados de prisão não tinham natureza política e que todos os estados-membros do bloco deveriam respeitar e implementar a decisão do tribunal. Na Europa, países como Espanha e Irlanda enfatizam seu apoio aos palestinos, e o primeiro-ministro irlandês, Simon Harris, prometeu deter Netanyahu caso ele viaje ao seu país.